IX Intereclesial
CEBs Vida e Esperança nas Massas
São Luís, MA - 1997


O Cartaz


A CRUZ


Outro elemento do cartaz é a cruz. A cruz deve ser fonte de espiritualidade, todavia a "teologia da cruz deve ser histórica, quer dizer, deve ver a cruz não como um desígno arbitrário de Deus, mas como conseqüência da opção originária de Deus: a encarnação. A cruz é conseqüência de uma encarnação situada num mundo de pecado que se revela como poder contra o Deus de Jesus".

Na catequese, nas homilias, deparamo-nos com pregações de cunho individualista, moralista, onde o assassinato de Jesus é passado numa perspectiva de predestinação, de força do destino, como se Jesus soubesse que iria morrer numa cruz. Até existem algumas imagens de Jesus menino, na manjedoura, com uma cruz na mão... Desde pequeno o brinquedo de Jesus era uma "cruz"...

Olhando os evangelhos, encontramos palavras-chaves que mostram vários motivos que levaram Jesus à morte. Ele é condenado como blasfemador, como agitador político. É blasfemo: ele se atribui o poder de perdoar pecados (Mc 2,6-7; Mt 9,3; Lc 5,17-21); sendo homem se diz Deus (Jo 10,24-33); é réu de morte por blasfemia (Mt 26,66).

A classe opressora vai mais além: Herodes considera Jesus criança, em Belém, um adversário político e atenta contra sua vida (Mt 2,2-3); é acusado de motivar o povo, de proibir o pagamento do tributo a César (Lc 23,2-5), Também pretende ser o rei dos judeus (Mt 27,11-13; Mc 15,2); crucificaram com ele dois bandidos para salientar sua periculosidade (Mc 15,27). Ser seu amigo é ser inimigo de César (Jo 19,12).

Busquemos portanto, na Cruz, o sentido profundo para a nossa Mística e poderemos encontrar elementos importantes para nossa espiritualidade:

1) A cruz como caminho para ressurreição:"Num continente de crucificados, não podemos esquecer que hoje são milhões no mundo que não simplesmente morrem, mas que, de diversas formas, morrem como Jesus, nas mãos dos pagãos, nas mãos dos modernos idólatras da Segurança Nacional ou da absolutização da riqueza".

Seja nossa espiritualidade fundamentada, não só em Jesus morto na cruz, mas no Jesus Vivo e ressuscitado, não numa ressureição para além da vida, mas na ressurreição como "esperança em primeiro lugar para os crucificados". Deus ressuscita um crucificado e, desde então, há esperança para os crucificados da história.

2) Existe uma tendência muito grande de fazer da cruz algo apenas doloroso, passivo, resignado. Contudo, para nossa espiritualidade que se fundamenta em Jesus Ressuscitado, cabe-nos dar um salto fundamental: de não ficar só na cruz, mas no seguimento do caminho de Jesus". Aí vamos encontrar uma prática solidária, partidária, que se encaminha para a defesa da justiça e do direito do pobre.

As CEBs tem procurado celebrar a Paixão/Morte/Ressurreição de Jesus, no mais profundo do seu sentido, ou seja, destacando que o "fato de Jesus ter morrido não é uma decisão arbitrária de Deus, independente da história, mas é conseqüência de uma decisão mais fundamental: a de encarnar-se numa situação".


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IX Intereclesial

Memória


Colaboração: Missionários Combonianos, Salvador, BA