IX Intereclesial
CEBs Vida e Esperança nas Massas
São Luís, MA - 1997


Texto-Base


Introdução


CEBs e MASSAS


Em Santa Maria, ao final do VIII Intereclesial, cujo lema era "Povo de Deus, renascendo das culturas oprimidas", os delegados presentes fizeram duas escolhas importantes: a do local do IX Intereclesial e a do seu tema.

Quanto ao local, a escolha quase unânime, foi pelo Maranhão e, mais precisamente, pela sede do regional, a arquidiocese de São Luís. O Maranhão, há mais de trinta anos, desde o nascimento de suas CEBs, leva a experiência de uma caminhada muito bonita das comunidades, feita de partilha e apoio mútuo, através de encontros locais e regionais. Suas CEBs carregam consigo uma história de iniciativas, testemunhos e lutas, com muitas pessoas que deram a vida na defesa dos pequenos, da terra e dos direitos humanos, construindo um rosto de igreja corajoso e solidário.

Quanto ao tema, colocou-se na pauta da caminhada para o IX Intereclesial, a questão das Massas e da relação das CEBs com as mesmas. A Campanha da Fraternidade de 1995 tornou mais presente a dimensão das massas excluídas e da responsabilidade das CEBs no tocante à sua evangelização e promoção, organização e libertação.

Para chegar-se a este texto-base, percorreram-se várias etapas:

A primeira aconteceu em Goiânia, de 31 de janeiro a 04 de fevereiro de 1994. Acolhidos carinhosamente por D. Antônio Ribeiro de Oliveira, arcebispo local, reuniram-se no IIo Seminário Nacional de CEBs, os membros do Secretariado do IX Intereclesial e da Ampliada Nacional das CEBs, alguns assessores, o arcebispo de São Luís, Dom Paulo Ponte, o bispo de Campina Grande, Dom Luís Fernandes, o bispo de Pinheiro, Dom Ricardo Pedro Paglia, responsável pelo acompanhamento das CEBs no Maranhão, e Dom Fernando Penteado, que, por muitos anos, acompanha as CEBs de São Paulo. Do seminário, saíram as propostas de desdobramentos do tema: "CEBs e Massas" e um primeiro roteiro dos capítulos, com sugestão de nomes para desenvolvê-los. Ali, foi também escolhido o lema do IX Intereclesial:


"CEBs, VIDA E ESPERANÇA NAS MASSAS"


A segunda etapa teve lugar em São Luís do Maranhão, quando os textos produzidos pelos assessores, depois de encaminhados aos membros da Ampliada Nacional e serem lidos e discutidos nos vários regionais, receberam sugestões para o seu aprimoramento quanto ao conteúdo e à linguagem. Encaminhados novamente aos assessores, sofreram uma última correção e constituem agora o subsídio inicial para o IX Intereclesial.

A intenção é de que o texto-base sirva de roteiro de estudos para os agentes de pastoral e dirigentes das comunidades e possa suscitar nas várias regiões, dioceses, e mesmo ao nível mais local, a produção de um material mais simples e adaptado a cada realidade.

Tomou-se como ponto de partida o catolicismo popular como expressão de um catolicismo de massa, e Pedro Ribeiro de Oliveira, que vem dedicando toda uma vida a este tema, preparou um estudo sintético e simples, mas muito rico e estimulante. Apresenta este catolicismo de massas como um desafio para as CEBs. Nele deitam as suas raízes, mas dele se destacam, como sua expressão comunitária e libertária, correndo, porém, o risco de se distanciarem um do outro, perdendo a capacidade de influenciar-se mutuamente.

Heitor Frisotti abordou a questão das raízes indígenas e africanas do catolicismo popular, aprofundando a rica contribuição das culturas e religiões africanas para a experiência religiosa de camadas numerosas do povo brasileiro. Ficou faltando o estudo da herança deixada pelos povos indígenas e suas religiões, tão importante na Amazônia, em muitos dos nossos interiores e na expressão religiosa de sertanejos e caboclos de todas as regiões do País.

Cláudio Ribeiro apresentou o mais recente fenômeno religioso de massa, o pentecostalismo, que, nas suas muitas versões, tornou-se parte integrante da paisagem religiosa das periferias das grandes cidades e mesmo de cidades menores e presença cada mais visível nos programas de rádio e nas redes de televisão.

Regina Novaes do ISER abordou as massas pelo ângulo da formação de uma cultura de massas, ligada ao papel crescente dos meios de comunicação social na sociedade moderna e da criação de um mercado de consumo de massa tanto para produtos de uso corrente como de produtos culturais: músicas, novelas, filmes, revistas, jornais, programas de rádio e televisão.

Jung Mo Sung investigou o tema das massas dos excluídos, de como são produzidas e reproduzidas e também de como se defendem e se auto-organizam. Permanece a questão de como podem as CEBs articular-se com essas massas, participar de suas lutas e servir de espaço para sua expressão e organização no campo religioso, social e político.

Luiz Eduardo Wanderley entra na temática conflitiva da relação entre as CEBs e o restante dos católicos que não se integraram a uma caminhada mais participativa e consciente; dos dirigentes e animadores e o povão, que fica, às vezes, distante e na sua; de comunidades que avançam, deixando o restante do povo para trás; da elite popular e da base popular. Suas notas concisas e diretas são um convite à reflexão e à busca de novos caminhos para construir ou reconstruir esta relação das CEBs com as massas.

Os dois últimos capítulos carregam um sabor todo especial. O primeiro trata da experiência de Jesus e das primeiras comunidades frente às massas, vazada no linguajar simples e cheio de imagens do Carlos Mesters. Abre pistas para a prática de nossas comunidades, levantando os dilemas já vividos por Jesus e pelas primeiras comunidades e os desafios que eles levantam para os dias de hoje.

Clodovis Boff entra finalmente na questão prática. Não se trata apenas de descobrir o "que fazer", mas sobretudo de saber "como fazer" para encontrar a pedagogia adequada ao trabalho de massas. Retoma, ampliando e aprofundando a rica contribuição do seu livrinho: "Como trabalhar com o povo?", introduzindo agora o desafio maior das massas.

Esperamos todos, que, nestes meses, contribuímos para a preparação e melhoria deste texto-base, que ele ajude as CEBs, a Igreja do Brasil, como um todo, e várias igrejas evangélicas que vêm participando ecumenicamente da mesma caminhada, a melhor enfrentarem os desafios da evangelização e da missão que lhes foi confiada por Jesus, no seu evangelho.


Pe. José Oscar Beozzo
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Colaboração: Missionários Combonianos, Salvador, BA