Notícias do Nono Intereclesial de CEBs
São Luís, MA - 15 a 19 de julho 1997


17 de julho


Negros e mulheres são tema
de coletiva no Intereclesial

A entrevista coletiva da quinta-feira, 17, organizada na Sala de Imprensa do 9o. Encontro Intereclesial, em Sao Luis (MA), abordou um assunto que ainda causa polemica dentro da Igreja, e que tem sido exaustivamente refletido pelas CEBs: a discriminacao contra negros e mulheres.
Os entrevistados de uma das coletivas mais concorridas deste 9o. Intereclesial foram Dom Jose' Maria Pires, arcebispo emerito de Joao Pessoa, um dos maiores incentivadores da Pastoral do Negro; o bispo anglicano Almir dos Santos, da Diocese de Brasilia, representando o Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristas); Laurita Gomes, delegada das CEBs da Bahia e militante de varios movimentos negros; e a sociologa Lucia Ribeiro, uma das assessoras do Intereclesial, que tem pesquisado questoes de genero e sexualidade e, particularmente, sobre as mulheres nas CEBs.
Falando sobre a relacao entre a Igreja e os valores da cultura negra, Dom Jose' Maria Pires afirmou, que, em tempos passados, os seminarios colocavam varios obstaculos para a admissao de negros, e os Estatutos de algumas congregacoes religiosas proibiam o ingresso de mulheres negras. "Isso foi enterrado definitivamente com o Concilio Vaticano II e, agora, dentro das CEBs, nos, negros, assumimos com alegria a nossa identidade. Nao somos superiores nem inferiores, somos apenas diferentes".
Ele enfatizou que apesar de os negros desenvolverem uma grande luta para terem seu espaco respeitado dentro da Igreja, dos 376 bispos brasileiros, apenas seis sao negros; e, num universo de 7.000 padres, somente 500 sao negros - mas apenas 200 assumem sua negritude. "Infelizmente, muitos ainda nao se assumem como negros dentro da Igreja . Em 1988, quando a questao do negro foi escolhida como tema da Campanha da Fraternidade, houve reacoes negativas de varios bispos" afirmou.
Laurita Gomes complementou as declaracoes de Dom Jose' Maria Pires, ressaltando que sofre uma dupla discriminacao, porque e' negra e mulher. "Durante seculos, a Igreja abencoou esse crime contra a o povo negro. Mas, depois, comecou a reconhecer esse erro e buscou corrigi-lo. Eu acredito que, dentro das CEBs, nos negros encontramos espaco para vencer as barreiras do racismo", afirmou Laurita.
O bispo Almir Santos, da Igreja Anglicana, afirmou que o racismo tambem se manifesta em sua Igreja, constituida inicialmente na Inglaterra, onde nao ha' um bispo negro. "No passado, a Igreja proibia a ordenacao de sacerdotes negros. Mas agora ja' temos dois ou tres ordenados negros em nossa congregacao. E o exemplo se solidariedade das CEBs e' uma profecia de que esta situacao vai se reverter."
Comentando a questao do preconceito contra as mulheres, na Igreja, a sociologa Lucia Ribeiro disse que isto reflete a situacao da sociedade patriarcal onde o poder e' concentrado nas maos dos homens. "Nas CEBs percebe-se um grande solidariedade de genero, que e' extremamente importante para reverter uma situacao discriminatoria que ja' dura dois mil anos e certamente nao sera' mudada da noite pro dia". Ela concluiu: "Ao se produzir essa solidariedade de generos, racas e etnias, as CEBs dao um passo fundamental para essa mudanca".


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