Era uma vez...

O Chacal e a ovelha


As ovelhinhas cresciam cheias de saúde e muito travessas. Mamãe ovelha decidiu que já estava na hora de dar à elas uma boa educação e também conhecimentos necessários para enfrentar as dificuldades da vida. Então, saiu à procura de uma escola séria, que oferecesse um bom currículo escolar.

Naquele dia o chacal estava sentado do lado de fora de sua barraca, observando cada um que passava. Então, seu olhar se acendeu assim que viu se aproximar uma ovelha em companhia de suas ovelhinhas.

– Mamãe ovelha, há quanto tempo não a vejo! Por onde tem andado? – perguntou alegremente o chacal, levantando-se de sua cadeira, como é a obrigação de toda pessoa educada que se posta à frente de uma senhora.

A ovelha parou e com um suspiro disse: – Estou procurando uma escola para inscrever meus filhos. Mas nos tempos de hoje, é difícil encontrar uma que nos dê segurança, não é mesmo?

– Mas que coincidência! – se entusiasmou o esperto chacal. – Amanhã começarei um novo curso! E dentro do horário também está prevista a aula de religião. Tenho certeza de que suas ovelhinhas ficarão bem aqui. Por que a senhora não os inscreve? Meu colégio é bastante sério. Os alunos dormem e comem aqui; e para as despesas, bastará que a senhora me traga um presentinho de vez em quando...

Impressionada com as palavras e os modos do chacal, mamãe ovelha deixou suas ovelhinhas com ele, confiando bastante em suas promessas. E assim, voltou para casa muito feliz por ter resolvido seu problema.

A ovelha apenas havia se distanciado um pouco e já, na barraca, o chacal atirou-se sobre as ovelhinhas, devorando-as em poucas bocadas. Então, estendeu suas peles sobre o chão e dormiu, como um anjo.

No dia seguinte, o chacal estava novamente sentado em frente à barraca. As peles das pobres ovelhinhas estavam cobertas de moscas e muitos outros insetos que, voando, produziam um estranho zunido. Então, mamãe ovelha se aproximou:

– Trouxe um presentinho para o senhor – disse ela, entregando um embrulho ao chacal. – Posso ver meus filhos por um momento?

– Minha cara senhora, – responde calmamente o astuto – durante a aula de religião é absolutamente proibido perturbar os alunos. Eles agora estão em colóquio com Deus. Se quiser, deixo que ouça suas vozes, pois estão agora murmurando a oração. Mas peço o favor de não entrar.

Enquanto a ovelha estendia suas orelhas, o chacal entrou na barraca e com um raminho bateu aqui e ali nas peles cheias de insetos. Estes, então, produziram um som parecido a um sussurro. A ovelha ouviu o som e sorriu: os pequeninos estavam aprendendo a rezar!

A cena se repetiu várias vezes, até que um dia a ingênua mamãe ovelha percebeu ter entregue seus filhos ao feroz apetite de um assassino. "Aquele patife devorou meus filhos. E por isso deverá ser punido!", pensou a pobre ovelha.

Em meio às lágrimas correu ao juiz, um cão caçador, e disse: – Meu senhor, confiei meus filhos ao chacal, a fim de que os instruísse nas leis de Deus. E aquele infeliz devorou-os! Eu imploro justiça! Por favor, me ajude!

Após apurar todos os fatos, o cão decidiu entrar em ação. Então, explicou à ovelha seu plano para pegar aquele infeliz.

Na manhã seguinte, a ovelha se dirigiu à "escola" do chacal. Levava consigo um cesto bastante pesado que continha raminhos de oliva e maços de verduras, que serviam para cobrir o corpo do cão caçador, escondido em seu interior.

– Hoje eu gostaria de dar-lhe um presente especial – disse a ovelha ao chacal. – Fique também com o cesto, amanhã venho buscá-lo.

Levando o cesto para dentro da barraca, o chacal lambia os beiços. "Aquela ovelha é mesmo muito ingênua, me enchendo de presentes", pensou ele. E começou a tirar tudo do cesto. De repente, o cão pula para fora. O chacal, então, com um grande salto, conseguiu escapar, correndo como um louco!

Enquanto corria, o chacal não parava de rezar. Afinal de contas, ele era um professor de religião! E com a respiração que se fazia cada vez mais ofegante, murmurava: "Ó meu Senhor, te prometo que se escapar das dentadas daquele cão furioso, construirei um pequeno templo em tua honra."

Deus, misericordioso, sorria vendo aquele malandrinho em desespero. O medo que estava sentindo já era um bom castigo. Sabia bem que o chacal nunca cumpriria sua promessa. Mas mesmo assim o livrou da perseguição daquele cão.

Quando o chacal se sentiu seguro, parou para recuperar o fôlego numa clareira. Depois, deitou-se de costas esticando suas quatro patas em direção ao céu, como quatro colunas, e disse: – Ó Deus, aqui estão as colunas do seu templo. Seu trabalho será apenas colocar a parte de cima, para que então se torne um templo de verdade!

Ainda hoje, depois de tantos anos, quando o chacal sabe que não está sendo observado e encontra um belo gramado, se deita de costas e fica um tempo imóvel, com as patas bem esticadinhas apontando para o céu. Quem não conhece esta lenda pensa que aquele estranho animal está apenas brincando; mas na realidade está mantendo a promessa que um de seus longínquos antepassados fez a Deus, num momento de grande necessidade!


O QUE A ESTÓRIA NOS ENSINA


"O hábito não faz o monge", diz o ditado. O chacal, com aquela aparência gentil e delicada, escondia uma alma desumana e cruel.

Não acredite cegamente naqueles que "pregam o bem mas praticam o mal": somente quem se coloca concretamente a serviço das pessoas, em favor da dignidade e da liberdade, é digno de estima e consideração.



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