OS NÚMEROS
DA VERGONHA


Milhões de pessoas no mundo inteiro vivem numa situação de pobreza absoluta. São homens, mulheres, crianças e idosos impedidos de ter acesso ao consumo das riquezas da terra. São filas enormes de pessoas excluídas de todos os serviços necessários ao desenvolvimento físico e psicológico de uma vida humana.

A Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou 1996 como o Ano Internacional pela Erradicação da Pobreza. O objetivo é sensibilizar a opinião pública internacional sobre este drama e convencer as autoridades a assumir iniciativas capazes de acabar com tudo isso. A responsabilidade é de todos. Não adianta fechar os olhos. Até as pedras sabem que a pobreza não depende da falta de recursos ou do aumento assustador da população mundial, mas da injusta distribuição das riquezas do planeta.


CHEIRO DE COMIDA


Pode uma família de quatro pessoas viver com um real por dia? Não dá nem para o cheiro do arroz e feijão. Assim mesmo, no mundo inteiro, 1,5 milhão de pessoas sobre-vivem com menos de um dólar por dia.


VÍTIMAS INOCENTES


Trinta e cinco mil crianças morrem todos os dias em conseqüência de doenças facilmente curáveis.

Durante o tempo necessário para disputar uma partida de futebol, mais de 2 mil crianças menores de cinco anos deixam de viver por problemas causados pela desnutrição.

Cento e trinta milhões de crianças não estudam
porque não existem vagas.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (ILO), entre 100 e 200 milhões de crianças e adolescentes trabalham para impedir que suas famílias morram de fome.


MADE IN
PRIMEIRO MUNDO


Não adianta produzir coisas nos países de Terceiro Mundo. Ninguém compra. Os países ricos, por possuírem uma tecnologia mais avançada, conseguem oferecer seus produtos a preços mais baratos e mais competitivos daqueles produzidos nos países pobres.
Vinte por cento da população mais rica do mundo
controla 81,2% do comércio internacional,
enquanto os 20% mais pobres controlam só 1%.

Em 1980 as exportações dos países desenvolvidos representavam 62,9% das exportações mundiais, enquanto aquelas dos países pobres representavam 29,3%. Em 1992 as exportações dos países ricos aumentavam 71,1% e as dos pobres diminuíam 26,1%.


HAJA BARRIGA


Você gostaria de, durante um grande almoço, ficar sentado no chão, num cantinho, olhando os outros convidados enchendo a barriga e você não?

Certamente que não. Mas é o que acontece todos os dias em nosso planeta. Poucos convidados sentam à mesa das riquezas da terra para acabar com tudo, enquanto
a maioria fica olhando.

Os dados falam mais do que as palavras: 20% da população mundial consome 70% da energia mundial, 75% da produção de minerais, 85% da produção de madeira
e 60% da comida disponível.

Um cidadão americano consome 20 vezes mais do que um cidadão da pobre Índia. Isto significa que 10 milhões de americanos comem tanto quanto 200 milhões de indianos.


O JUGO DA DÍVIDA


O Terceiro Mundo deve um montão de dinheiro para o Primeiro Mundo. Tratam-se de verbas pedidas em empréstimo para tentar melhorar as condições de vida de seus países, mas que foram desperdiçadas em projetos que em nada afetaram os mais necessitados. Segundo dados do Banco Mundial, em 1992, os países pobres deviam aos ricos mais de 1,5 bilhão de dólares. Somente para pagar os juros dessa dívida, entre 1982 e 1990, o Sul do mundo depositou no caixa do Norte 1,3 bilhão de dólares.

Espoliado e depredado por muito anos, durante a época colonial, o Terceiro Mundo continua sendo explorado pelo Primeiro Mundo. A dívida é um mecanismo perverso que obriga os pobres à condição de dependência e submissão.


SEM CHANCE PARA A MULHER


Ela trabalha mais e come menos. Luta como uma danada e não encontra espaço na sociedade. É ela quem dá a vida e vive em contato direto com o risco da morte. É essa a condição de milhões de mulheres no mundo inteiro. Nas costas delas cai o peso maior da pobreza. Setenta por cento dos pobres no mundo são mulheres. Dois terços dos analfabetos são mulheres. As principais vítimas da fome e das doenças são as mulheres.

Quinhentas mil morrem por ano no mundo inteiro por complicações relacionadas à gravidez.


O DESERTO AVANÇA


Em 1977, 57 milhões de pessoas viviam em áreas atingidas pelo processo de deser-tificação. Em 1984 o número era de 135 milhões. Atualmente o fenômeno ameaça um terço da superfície terrestre e cerca de 850 milhões de pessoas.

Cada ano, no mundo inteiro, desaparecem 15 milhões de hectares de floresta. De 1980 a 1990, foram perdidos 154 milhões de hectares de florestas tropicais.


FUGA DE CÉREBROS


Quem tem cabeça e chance de estudar foge da pobreza. Em 1987, quase um terço dos africanos com formação universitária viviam na Europa. A África perdeu entre 1985 e 1990 cerca de 600 mil jovens com estudos superiores. No ano de 1987 o Sudão perdeu 17% de seus médicos, 20% dos professores universitários, 30% dos engenheiros. No Ghana, onde há escassez de médicos, 60% dos profissionais dessa área vivem no estrangeiro.


ÃO-ÃO-ÃO
INFORMAÇÃO-OPÇÃO-PARTICIPAÇÃO


Chorar não serve.
É preciso arregaçar as mangas e trabalhar.

Informação: é preciso conhecer para agir certo. Nunca deixe de ler revistas que ajudam a abrir os olhos diante das coisas, dando pistas para acabar com o que não presta.

Opção: ficar do lado de quem sofre. Boicotar tudo aquilo que é fruto da exploração dos trabalhadores. Comprar os produtos que provém diretamente dos assentamentos dos Sem-Terra e das cooperativas ligadas
aos movimentos populares.

Participação: apoiar todos os movimentos e as pastorais que trabalham para a construção de uma nova sociedade. Envolver-se nas iniciativas orientadas a uma transformação radical de nossas vidas. Na hora de votar, escolher as pessoas que podem administrar com justiça e honestidade.


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