Dia Nacional das Comunicações

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QUADRO 1

Manipulação ideológica

Uma pesquisa do Datafolha com os leitores dos quatro maiores jornais brasileiros, publicada no dia 9 de março, revela que o principal defeito da imprensa, na opinião do público, é a sua posição ideológica. Para 61% dos leitores consultados, este é o principal problema da imprensa (28% apontaram a falta de profundidade e 24%, o sensacionalismo).

Os dados do Datafolha confirmam o diagnóstico feito pelo professor Manuel Chaparro, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Chaparro publicou, no seu livro "Pragmática do Jornalismo", um pequeno inventário dos males da nossa imprensa.

Entre outras coisas, ele menciona o "escamoteio ou distorção de informações", a "acomodação dos repórteres a um jornalismo de relatos superficiais", as "denúncias não apuradas", a "prevalência do marketing sobre as razões jornalísticas" e as "pautas motivadas por interesses individuais não revelados". - I.F.

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QUADRO 2

Quem tem tudo quer mais

Para agravar ainda mais os efeitos do monopólio dos meios de comunicação, surgiu nos últimos anos uma tendência de formação de grandes conglomerados empresariais nessa área.

A Folha de S. Paulo, por exemplo, associa-se a um banco (Bradesco) e uma empreiteira (Odebrecht) para montar o "maior parque gráfico da América Latina".

A Rede Globo se junta com uma multinacional de telecomunicações, a Nec, para explorar o mercado de telefones celulares.

"Onde fica a independência jornalística?", pergunta Eugênio Bucci, diretor da revista Superinteressante, preocupado com essa deformação. "O que conta aí é a estratégia dos grandes veículos, que passam a se pautar cada vez mais por interesses de marketing e não por critérios jornalísticos."

O caso da Editora Abril é bem significativo. Para investir no mercado de TV a cabo, a empresa foi buscar dinheiro no exterior. Lançou papéis no mercado europeu, no valor de 100 milhões de dólares.

Ou seja, a Abril adquiriu, só nesta operação, uma dívida gigantesca - em dólares. Isso quer dizer que, se o real for desvalorizado para diminuir o rombo na balança comercial - como propõem os economistas da oposição e mesmo um setor do próprio governo -, a dívida da Abril no exterior vai aumentar assustadoramente.

Não admira, pois, que as publicações da Abril, como as revistas Veja e Exame, apóiem ardorosamente a atual política cambial e seu principal defensor, o economista Gustavo Franco, diretor da área internacional do Banco Central. - I.F.


QUADRO 3

GRUPOS E FAMÍLIAS QUE CONTROLAM
90% DA MÍDIA NACIONAL

Nome Atuação
1. Roberto Marinho Organizações Globo
2. Civita, Roberto e Richard

Abril Editora, Abril Cultural, TVA, etc.
3. Mesquita, Ruy, irmãos e primos O Estado de S. Paulo e outras empresas
4. Nascimento Brito

Jornal do Brasil e outras empresas
5. Bloch, Adolfo e Hamilton Lucas de Oliveira Rede Manchete de Rádio e Televisão
6. Frias e Caldeira, Octavio Frias e Carlos Caldeira Filho (falecido em 1993) Grupo Folhas - Folha da Manhã S.A. e outros

7. Abravanel, Senor - Sílvio Santos SBT - Sistema Brasileiro de Televisão e outros
8. João Saad

R.B.T. - Rede Bandeirantes de Televisão e outros
9. Edir Macedo

Rede Record de Rádio e Televisão e outros
10. Sirotsky, Maurício-Nelson R.B.S. - Rede Brasil Sul, Zero Hora e outros
11. Jaime Câmara



Organização Jaime Câmara - jornais e emissoras de rádio e televisão em Goiânia e Brasília
12. Diários Associados



Remanescente do império criado por Assis Chateaubriand - jornais, rádios e TVs
13. José Martinez

CNT - Grupo José Martinez - rádio e televisão
14. Levy, Herbert

Gazeta Mercantil e outras empresas
15. Rômulo Maiorama (Pará)

Organização Rômulo Maiorama - jornais, rádio e TVs

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FONTE: "CONTROLE E MANIPULAÇÃO DA MÍDIA",
PROF. ERASMO DE FREITAS NUZZI


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O latifúndio da Informação