ÁGATA-ESMERALDA

UMA RESPOSTA A UM DESAFIO DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA


A historia da sociedade ocidental contemporânea tem sido marcada pelo signo da década de noventa nos apresenta um contingente cada vez maior de pessoas e grupos sociais que não têm acesso aos bens e serviços socio-urbanos básicos e indispensáveis, como a educação, a habitação, a cultura, o saneamento básico.

Uma analise deste fenômeno mostra que a pobreza se revela cada vez mais multiforme e multidimensional. Ela não se limita às camadas tradicionalmente atingidas pela falta de recursos, mas ganha espaços cada vez mais preocupantes entre segmentos da população a exemplo de jovens desempregados, idosos, migrantes e setores da classe média que não conseguem usufruir de determinados bens sociais que se tomam cada vez mais raros.

Junte-se ao crescimento da pobreza a agravante de que este fenômeno não pode ser medido ou quantificado nos estudos e pesquisas que se sucedem. Os indicadores são incapazes d revelar a face real daqueles que cada vez mais vêem escapar de suas mãos bens e direitos antes considerados sagrados à população. A pauperização se expande de forma progressiva e se agudiza tanto no Primeiro como no Terceiro Mundo. A compreensão desse processo passa necessariamente por uma analise da crescente globalização ou mundialização da economia. Desta globalização resulta uma realidade pautada pelo que se vem chamando convencionalmente de exclusão social.


A globalização da Economia e o surgimento de novos paradigmas de análise sociológica


As análises de cunho sociológico mostram o surgimento de novos paradigmas: o paradigma marxista, que fala de uma luta de classes em uma sociedade piramidal, cede o seu espaço ao paradigma horizontal em que se constata a existência dos integrados (econômica e socialmente)aqueles que se mostram vulneráveis e estão a caminho da integração ou da exclusão social, enfim uma grande maioria dos que se encontram excluídos desse processo de natureza social e econômica.

Esta exclusão se apresenta como uma clara perda de poder. Os grandes contingentes a caminho da pauperização são alijados dos espaços de decisão e ingressam inexoravelmente no espiral da pobreza imposto à sociedade.

Esta Nova Ordem Econômica Mundial, de natureza globalizante do ponto de vista econômico, se mas excludente do ponto de vista social, se dá à medida que o Estado perde a sua força e o seu poder de instancia capaz de intermediar, canalizar e possibilitar os bens indispensáveis à sociedade civil. O poder e o controle da situação se dão a nível supra-nacional, e se encontra concentrado em mãos dos grandes conglomerados econômicos que controlam a economia mundial.


Uma nova política social e o surgimento das Organizações Não Governamentais


É nesse espaço vazio de impotência do Estado contemporâneo que se vem desenhando uma política de ação social que nasce de movimentos e de formas oriundas da própria sociedade civil, em favor dela mesma. Dir-se-ia então que a ausência ou impotência do Estado moderno, amordaçado pela nova ordem capitalista mundial, têm exigido da sociedade civil uma resposta ao quadro de empobrecimento e de exclusão social crescentes. Esta resposta tem sido encontrada em uma nova política social gerida e sustentada pelas própria sociedade civil, e que tem nas Organizações Não Governamentais (ONGS) a sua versão mais evidente. Em suma o surgimento e a multiplicação das ONGS seria a forma mais efetiva encontrada pela sociedade civil para administrar o empobrecimento progressivo da sociedade em seus diversos segmentos que vêm sendo excluídos da lógica do mercado capitalista. E, principalmente, para contribuir em favor da construção de uma cidadania que nasce e se firma em um quadro de conflitos e lutas sociais.

Esta situação foi bem analisada por Castro (1996, p. 96, quando, ela diz: "Certos aspectos da problemática da cidadania podem ser analisados nos países da América Latina onde se tem observado, ao, longo das três últimas décadas, um crescimento de movimentos sociais de natureza variada. Estes movimentos surgiram primeiramente sob os governos militares, como lutas em vista à democratização dos regimes políticos. Eles se propagam à medida que se estruturavam ao mesmo tempo as lutas sindicais e as lutas em direção as melhorias das condições de vida do povo (educação, saúde, creches etc.). As lutas de natureza cultural e étnica se superpuseram posteriormente. Com o fim dos regimes militares, estes movimentos mostraram uma certa convergência no sentido de uma democratização dos processos de decisão, reivindicando uma participação na elaboração das políticas publicas, particular nível local. Uma Segunda tendência geral tem sido a defesa dos direitos do homem, denunciando-se, de uma maneira diferente dos movimentos referidos precedentemente a inegalidade social e as formas de discriminação (racial, social, étnica, de mulheres etc.).

E' dentro deste quadro maior de reflexão que se compreende o surgimento, os objetivos e a atuação de uma organização não governamental como a Agata Esmeralda que se ocupa no Brasil, especialmente na Bahia, de responder dê forma efetiva ao processo de exclusão social a que tem sido relegadas as famílias pobres da periferia urbana e seus inúmeros filhos. E esta forma de luta, de conquista dos direitos do cidadão e da criança elegeu como dinâmica central de ação a «adoção à distancia».


Agata Esmeralda: uma luta pelos direitos da criança diante de um mundo globalizante e excludente.


Concluímos então que o surgimento de uma ONG, como a Ágata Esmeralda, não é o resultado de uma vontade ou de uma ação isolada na sociedade em que vivemos. Na verdade, a Ágata Esmeralda nasceu naturalmente como uma das saídas encontradas pela sociedade civil contemporânea para desenvolver uma luta em favor daqueles que são excluídos pela lógica de capitalismo que tornou o Estado incapaz de servir a esses cidadãos excluídos. A Ágata Esmeralda é na verdade uma forma da própria sociedade se impor de forma favorável aos seus excluídos. E neste caso especifico, são motivo de preocupação especial as crianças a manutenção de uma luta em vista da construção de uma real cidadania.

Mesmo respeitando e valorizando outras formas de responder a este desafio da exclusão das famílias mais pobres, e de seus filhos, a Agata Esmeralda optou pelo serviço de adoção à distancia. Trata-se de um projeto de apoio às famílias carentes de Salvador, no nordeste do Brasil, famílias que experimentam a miséria social decorrente da crescente exclusão social existente nos países do primeiro e do terceiro mundo.

O movimento Agata Esmeralda faz coro a outros movimentos que trabalham para promover as crianças de Salvador e das áreas vizinhas. Incentivando e possibilitando compadrio, o «gemellaggio» entre pessoas comprometidas com a mudança do quadro socio-econômico existente. Traduzindo este gesto em números, permite-se a assistência a mais de 1200 crianças em 30 bairros periféricos de Salvador e região metropolitana.

Educação para a cidadania e para a autonomia, apoiada na comunidade e na valorização da criança enquanto ator social: princípios norteadores

A Agata Esmeralda acredita que não basta aliviar o sofrimento das crianças assistidas por ela. Acredita que uma mudança significativa da situação exige o respeito à comunidade na qual as crianças estão inseridas. Parte-se do principio de que somente se organizando, refletindo em comum, planejando e agindo de forma comunitária, a sociedade civil pode enfrentar o de desafio da exclusão social e encontrar formas de tomar as iniciativas existentes ainda mais transformadoras. A educação, a alimentação, a assistência médica são oferecidos às crianças de forma co-responsável e co-participativa, seriam o resultado de uma conquista persistente dos direitos humanos.

Além do apoio e do enraizamento na comunidade, o projeto Agata Esmeralda tem uma concepção personalista e interacionista da criança. Esta não é vista apenas em termos do amanhã, do futuro, do que virá a ser. A criança é vista e tratada como um sujeito, um co-construçao, com possibilidades de refletir, agir e construir em seu contexto, dentro de um processo dinâmico e interativo.

Em outros termos, cada vez que se oferece através da adoção à distancia, a uma criança, uma alimentação de qualidade, a possibilidade de freqüentar a escola, o direito a uma saúde preventiva e curativa se está oferecendo também a possibilidade desta criança torna-se autônoma, critica, e capaz de trabalhar em direção a uma sociedade organizada de forma mais justa. No projeto Agata Esmeralda a criança não recebe uma proteção que mascara, nega ou oculta os seus direitos.

A criança deve ser vista de forma madura, como, possuidora de um lugar e de um estatuto específicos. Lugar e estatuto marcados por uma participação ativa que, lhe deve caber como cidadão e construtor da cidadania. O Projeto preocupa-se em deslanchar um processo educativo em que a criança seja reconhecida como um sujeito que reflete, que tem seus pontos de vista, suas representações sociais a serem ouvidos e considerados.

Apoiado na perspectiva da "Filosofia para crianças", a Agata Esmeralda desenvolve suas ações tendo como elemento central de suas dinâmicas a valorização da experiência de vida das crianças e a forma como elas lêem a realidade em suas famílias, em suas comunidades de origem, no mundo em que se encontram inseridas. Neste sentido, a construção da cidadania como a aquisição de direitos negados socialmente não se apresenta como algo a ser futuro. Na verdade, é algo presente, atual, contemporâneo, gerado em um processo de respeito à criança com sujeito pensante, histórico, e capaz de contribuir desde já efetivamente, à transformação do mundo em que vive.




PROJETO AGATA ESMERALDA
TEL/FAX: 0055 - 71- 392-9193

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