PROJETO CHAGAS
MEDICUS MUNDI VIZKAIA

INTRODUÇÃO

A idéia do Projeto CHAGAS surgiu da constatação de que entre os agricultores que trabalhavam nos projetos de produção da FUNDIPESCA, em áreas do Litoral Norte do Estado da Bahia, havia um fato curioso: as últimas mortes tinham sido repentinas, e nas circunstâncias mais variadas (jogando futebol, dançando numa festa, transportando um saco de farinha ou trabalhando no campo), todas no meio de alguma atividade. Em uma área, ocorreram 28 mortes desse tipo, em um período de cerca de 5 anos.

Levado o fato à equipe médica, imediatamente se suspeitou de que poderíamos estar diante de uma endemia de doença de chagas, o que posteriormente se constatou e deu origem ao Projeto Governo Vasco de Chagas.

Segundo os técnicos, era muito oportuno o Projeto, desde que, em primeiro lugar, o Governo Federal e Estadual somente se preocupam com a não propagação da doença, sem apresentar soluções, ou mesmo tratamento, para aqueles que estão contagiados. E, em segundo lugar, porque os próprios pesquisadores não tinham achado uma vacina ou droga que pudesse sanar tal doença.

Para os técnicos do Setor de Produção da FUNDIPESCA, a presença da doença de chagas era preocupante desde que reduzia consideravelmende a atividade produtiva do agricultor. Um agricultor para qual tudo é adverso: terras pobres, sem luz, sem estradas e sem possibilidade de financiamentos.

PROJETO CHAGAS

Inicialmente, foi feita uma triagem por um médico contratado, tentando-se, mediante o uso do electrocardiógrafo, identificar os suspeitos de portadores da doença de chagas, os casos que precisariam de internamento ou ulteriores exames e aqueles pacientes cujas doenças poderiam ser tratadas na própria localidade.

Durante a implantação do Projeto Chagas, no ano de 1994, alguns fatores fizeram mudar a metodologia. Num primeiro momento, pensou-se que com um eletrocardiógrafo portátil se identificaria facilmente o chagásico. Num segundo tempo, percebeu-se que seriam precisos exames mais apurados e caros, como o holter, ecograma, exames de esforço, etc., não previstos no Projeto. Num terceiro momento, uma vez identificados os suspeitos de portadores de doença de chagas, observou-se que era fundamental o acompanhamento do paciente em Salvador, devido aos inúmeros exames exigidos. Verificou-se também que, em certos casos, o atendimento de saúde "in loco" poderia ser feito sem a presença do médico.

Somente quando conseguimos fazer um Convênio com a Fundação Cardiológica do Hospital Escola das Clínicas é que foi possível continuar com o Projeto.

Funcionalidade do Projeto

Apoiando-nos em trabalhos anteriores fizemos uma triagem da quase totalidade da clientela. Assim foram divididos em três categorias os pacientes:

  1. pacientes com doenças que podiam ser tratadas "in loco";
  2. pacientes que tinha que vir a Salvador para fazer operação ou tratamento hospitalar;
  3. pacientes com doenças não identificadas e que precisariam de ulteriores exames. Aqui entraram principalmente os suspeitos portadores de doença de chagas.

Os classificados no item (a) não precisariam, necessariamente, a presença de um médico e bastaria uma boa enfermeira ou paramédico para dar-lhes a assistência necessária.

Os classificados nos itens (b) e (c) não tinham outro recurso que não fosse o de vir a Salvador para utilizar estruturas mais específicas.

Por outra parte, o Projeto tinha uma médica, exclusivamente para fazer a triagem, quando necessário, e para acompanhar os casos de chagásicos em Salvador. Ela coordenou a indicação dos pacientes que precisaram se deslocar para Salvador e/ou os acompanhou junto à Fundação Cardiológica do Hospital Escola das Clínicas.

O Projeto, para viabilizar estas vindas dos pacientes, previu pagamento de viagens, quando necessário, hospedagem e alimentação, além dos medicamentos receitados. Caso contrário, não teriam onde se hospedar nem recursos para alimentar-se.

Complexidade do Projeto

O Projeto exigiu um esforço muito grande por parte da FUNDIPESCA, porque a maioria dos pacientes era analfabeta e nunca tinha vindo a Salvador. Isto significa que o paciente tinham que ter um acompanhante da FUNDIPESCA, e quando dois ou mais pacientes tinha que ir a vários médicos em lugares diferentes, a FUNDIPESCA precisava conseguir vários acompanhantes que saiam às cinco horas da manhã para chegar às sete horas e fazer ss matrículas ou análises. Por isso que não se podia trazer mais de quatro pacientes, pois, caso contrário, havia dificuldade tanto na hospedagem como na movimentação. É louvável o espírito de colaboração dos nossos técnicos agrícolas, que, no momento de necessidade, faziam o trabalho de acompanhante.

A complexidade do Projeto é patente e nunca mostraremos grandes números de atendimento na Cidade de Salvador. De todas as formas, quase nenhuma comunidade carente tem um esquema de tanta cobertura.

Dados concretos

Durante a implantação do Projeto no ano de l994, verificou-se que o programado não era suficiente para chegar aos objetivos pretendidos.

Hoje, temos a consciência de que o Projeto Chagas apresenta uma solução generalizada a todo o universo, ainda que pequeno, no nível de saúde. Todo paciente tem atendimento clínico e hospitalar, com possibilidade de fazer qualquer exame exigido, por raro ou caro que seja, graças à influência da equipe médica de apoio e da estrutura de financiamento fornecida pelo Governo Vasco.


Para maiores informações envie E-mail para: funpesca@zumbi.ongba.org.br

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