Descoberto golpe de empreiteira.

No Parque de Bolandeira não se respira outra coisa. Tudo gira em torno da descoberta de irregularidades praticadas pela empreiteira Ewac, que super-dimensionou obras e serviços para ganhar mais.

O que se fala é que as irregularidades ficaram constatadas nas notas de cobrança de pavimentação, consertos de redes e confecção de caixas de registro.
Ela ocorria com o aumento exagerado das medidas de serviço. Apenas como exemplo: pavimentava 10 metros e cobrava 50.

A "gata" está há quatro meses trabalhando para a Embasa e a irregularidade só foi constatada em agosto passado. Por causa disso, inclusive, ela  não teria recebido o pagamento dos serviços cobrados no mês passado. E o que houve nos meses anteriores, cujos serviços (e faturas) já foram devidamente pagos?

As irregularidades praticadas pela Ewac foram descobertas por obra do acaso. Um usuário da Embasa solicitou serviço em sua residência e na nota de cobrança (fatura) estava a recuperação de um passeio de 16 metros. Na verdade, o passeio recuperado tem 1,60 metro.

A descoberta teria levado a suspeitas logo então confirmadas. Tudo graças ao zelo não da diretoria da Embasa, mas dos empregados que, mesmo com salários arrochados e direitos cortados, procuram preservar o patrimônio da empresa.

A Ewac, ao que parece, teria sido no passado a falida empreiteira Ferreira Lima. Não é de espantar: tornou-se um hábito uma empreiteira "falir" ao final de um contrato e reaparecer com outro nome. Com a falência engordam mais o bolso dos empresários, inclusive dando calote nos empregados.

O caso da Ewac precisa ser apurado com rigor, fazendo-se uma rigorosa auditoria extensiva às todas as empreiteiras que trabalham para a Embasa. É necessário um esclarecimento preciso sobre os pagamentos efetuados às "gatas", que vivem cercadas de boatos sobre irregularidades as mais diversas.


"Gatas" infestam a empresa
e fazem estrago na imagem

A presença de empreiteiras na Embasa é um caso cada vez mais grave. A empresa está infestada delas, seja na capital ou interior, entrando em todas as áreas de atuação.
Elas já substituem empregados da Embasa em todos os setores. Pirajá é um exemplo: lá estão quatro empreiteiras.

Mas, ao que parece, o número de "gatas" na empresa ainda é pequeno para o presidente Zé Lúcio: nos últimos dias, o Diário Oficial publicou de uma tacada só editais de concorrência para serviços nas áreas operacional, comercial e de manutenção.

No mesmo Diário Oficial, outro edital: esse para contratar empreiteira para  fazer fechamento e reabertura de ligação.

Não há o que se preocupar, pois a Embasa dá tudo de graça, da água à luz, passando
pelo telefone e instalações. Basta ter nome de firma.

Empreiteira na Embasa atrasa salário, vale-transporte e ticket-refeição (são constantes as paralisações de seus funcionários por causa disso). Paga um salário irrisório e dessa forma não pode contratar mão-de-obra especializada. Além disso, não dá treinamento ao pessoal.

Muitas chegam, inclusive, a sublocar serviços para outras "gatas" em condições ainda piores. O resultado é serviço mal feito e o aumento do número de reclamações dos usuários. Por causa delas, a imagem da Embasa está no fundo do poço, pois o consumidor não sabe quem fez o serviço. Sabe apenas que  serviço na rede de abastecimento é com a Embasa.

Com empreiteiras assim, a empresa sequer conseguiu implantar uma política efetiva de cortes e combate aos "gatos". A inadimplência, especialmente de grandes consumidores, é bem alta.

As crescentes queixas têm deixado aturdido o governo, mas providência não é tomada. Recentemente uma emissora de tevê exigiu a presença do presidente Zé Lúcio para explicar a situação. Ele foi? Não. O secretário de Saneamento, Roberto Moussalem, se viu então obrigado a ir. Tinha de explicar.

Porém, Moussalem teve dificuldades para responder o queixume dos consumidores. "Talvez" mal informado, disse que Salvador é bem atendida de água. Sobre serviços mal feitos por empreiteiras, saiu-se com essa: "a Embasa desconta nas faturas".

Como o verão ainda não chegou, é fácil perceber que a gritaria dos usuários vai aumentar consideravelmente nos próximos meses. Com certeza, a solução está longe de ser conseguida via empreiteiras. A Embasa apanha, mas não se corrige.
Por essas e outras se explica porque é péssima a imagem da empresa. O pior é que o empregado também leva a fama.