Campanha Salarial/97
Cerb: revolta provoca greve.
 

Cansados de tanta espera por uma resposta, e sufocados com um salário sob forte arrocho, os empregados da Cerb resolveram reagir.

Na assembléia realizada na última quarta-feira (20), em Salvador e Feira de Santana, eles resolveram por uma greve de 24 horas no dia 18 de setembro.

A reação de quem há muito tempo aguarda por um reajuste de salário já era esperada. A cada dia se multiplicam os casos de empregados recorrendo a agiotas para pagar dívidas, e sem ver nenhuma perspectiva de sair do problema.

É tão grave a situação financeira da maioria que alguns funcionários já chegaram a retirar filhos da escolha por falta absoluta de condição de pagamento das mensalidades.

Outros não fazem a menor idéia de como pagar dívidas em supermercados, nas compras de alimentos feitas com cheques pré-datados.

O ambiente na Cerb é de muita revolta com a diretoria, que percebe a aflição generalizada, sabe que os salários são um dos piores do setor e não adota nenhuma providência.

Além de baixos, os salários estão sofrendo perda de valor aquisitivo ano após ano. Em 96 a empresa ficou devendo 13,2% da inflação (reajuste concedido pelo TRT em nosso dissídio) e este ano não quer repor os 8,2% de perdas acumuladas entre maio/96 e abril/97.

As negociações do acordo coletivo deste ano estão emperradas justamente porque a Cerb não quer reajustar os salários.

No entanto, a empresa soube, recentemente, aumentar as gratificações de chefia - ou seja, procurou melhorar as condições da minoria, deixando o restante a ver navios. Além disso, há suspeitas de que esteja, ilegalmente, contratando pessoal com salários bem maiores que os dos seus empregados. A greve, portanto, é o motivo de tanta insatisfação.
 
 

Embasa: péssima aula de democracia

A diretoria da Embasa quis dar uma aula de democracia ao Sindicato em seu último boletim. Porém, está desprovida de qualidade para tal.

Um dos pressupostos básicos do regime democrático é a obediência à lei. Caso fosse qualificada para tratar desse tema, a empresa deveria pautar seu comportamento no respeito aos direitos dos trabalhadores.

A lei assegura a todos o direito ao ticket-refeição, à assistência médica, prêmio assiduidade e outros. Está na Lei 8.542.

Até hoje a empresa não aplica a Lei 605, de 5 de janeiro de 1949, que garante a repercussão das horas extras no repouso semanal remunerado.

Caso primasse pelo respeito à lei (um dos pressupostos do regime democrático que ela diz defender), certamente não teria sido necessário elevar em 0,5% a contribuição dos trabalhadores, aprovada em assembléia geral, em 93, para assegurar a sustentação financeira do Sindicato, diante da suspensão ilegal e arbitrária, dos contratos dos diretores pela direção da empresa naquela época.

Quem sabe, breve a Justiça possa fazer prevalecer a democracia, reintegrando os diretores que ainda estão afastados.