Incompetência e desperdício
Postos: muito dinheiro no lixo

Cerca de R$ 400 mil foram gastos na reforma ou ampliação de postos de serviços. Mas ficarão com sua capacidade física ociosa. Os gastos enchem os bolsos das empreiteiras. Incompetência e descaso da atual administração da Embasa. A partir desta edição, vocês acompanharão alguns casos levantados pelo Sindicato.

Os postos de serviço do São Caetano, Brotas, Itapuã, Cabula e Liberdade foram ampliados ou reformados de um ano para cá. Nesse último a reforma ocorreu há menos de 2 meses. Nas  obras foi aplicado algo em torno de R$ 400 mil.

Dinheiro mal aplicado, falta de planejamento: a diretoria da Emba-sa decidiu agora transferir os empregados pa-ra outros locais. Os postos terão 80% de sua capacidade física ociosa e funcionarão apenas com um gerente e  "estagiários".

Outro abuso: sem os empregados, treinados, os estagiários, em fase de treinamento, não podem atender o público à contento e ao fim de um ano, quando adquirem experiência, são substituídos.

Obras também foram  realizadas nas unidades que abrigaram  os empregados transferidos dos postos. Mais dinheiro, mais gastos.

São casos e mais ca-sos de descalabro. Ampliado há um ano,  num investimento próximo aos R$ 100 mil, o Posto de São Caetano é um local no mínimo razoável de se trabalhar, com amplas instalações.

Os empregados foram transferidos para a Unidade de Negócio do Cabula que, para isso, passou por reformas.

O pessoal do Posto da Liberdade está indo para as Unidades de Negócios do Cabula e da Federação. O da Pituba foi para um prédio ina-cabado na avenida Lu-caia; o de  Itapuã vai pa-ra Bolandeira, enquanto os empregados de Brotas e São Bento irão para a Unidade da Federação.

Curioso: no do São Bento, a Embasa ocupa apenas o térreo do prédio de 5 andares. Nos demais funciona uma escola estadual, com muitos alunos e quase nenhum professor.

A empresa descobriu agora que as obras  de um ano atrás de pouco servem. É um descala-bro sem tamanho com o dinheiro público, mas que agrada em cheio às dezenas de emprei-teiras amigas que vivem, justamente, do desleixo e incompetência reinantes hoje na empresa.
 
 

Tarifa x Salários
Números da má administração

Seja pelo alto volume de recursos que tem recebido, seja pelo reajuste das tarifas, a Embasa tinha tudo para estar numa situação bem diferente. Claudicante e incompetente, a diretoria não consegue mudar a face da empresa e deixa transparecer que seu forte não é administrar esse patrimônio.

A empresa está entre as maiores tomadoras de dinheiro do  Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e só de bancos internacionais está com recursos de 600 milhões de dólares, financiados pelo BID e Banco Mundial.

A correção da tarifa mostra outro desleixo. Em maio de 94, o governo federal autorizou a conversão da URV na tarifa e, na época, a empresa aproveitou para embutir um reajuste tarifário.

De junho de 95 a agosto de 97, portanto em 26 meses, a Embasa reajustou suas tarifas em 60,75%, em média. Foi um reajuste de 15% em junho de 95, um de 14,78% em julho de 95, de 13,6% em julho de 96 e de 7,2% em agosto último. Nesse mesmo período, a inflação acumulada chegou a 26,09%, conforme o INPC-IBGE.

Ao se comparar o reajuste de tarifa com o dos salários, percebe-se que a empresa obteve um grande lucro com a sua política de arrocho, um dos piores já sentidos pelos empregados.

O único reajuste salarial de junho/95 para cá foi o de 4,43%, ocorrido em maio/96, mesmo assim determinado por lei.

A empresa não cumpriu sequer a determinação da Justiça, que mandou reajustar os salários em 17%, em média, ao julgar o dissídio de 94.

Para fechar a conta da incompetência, verifica-se que a empresa reajustou as suas tarifas em 27,49% acima da inflação. O reajuste  chegou aos 53,92% a mais que os salários.

Outro dado desalenta-dor: se a arrecadação da em-presa já chegou aos R$ 25 milhões ao mês, hoje não passa dos R$ 22 milhões. Mesmo com essa queda, a empresa não pode alegar dificuldades para reajustar os salários: a despesa da folha (incluindo os encargos sociais) representa hoje 41% da arrecadação, um dos menores gastos com pessoal em todos os tempos.

Mais um ingrediente ser-ve para avaliar o tamanhoda incompetência: o número de empregados caiu de 8 mil para 4,5 mil, praticamente a metade, enquanto aumentou o número de sistemas de água, de ligações/ economias e mesmo o volume de água produzido.

Sem nenhuma dúvida, a empresa, a comunidade e os trabalhadores merecem uma administração melhor. É isso que tem dado margem aos boatos sobre descontentamento do governo com a diretoria da Embasa, cuja atuação vem sendo comparada a uma das piores que já se teve - a de  Fernando "Asabme" Abreu e seus pupilos.