Bispo avalia processo de estudo e votação de novo caminho de administração na diocese


Pilar - As Comunidades aprovaram o Plano de Comunhão e Administração de Bens?
DM - Somados os votos positivos e as emendas, conforme quadro demonstrativo publicado no Jornal Pilar, todas as propostas foram aprovadas pelas Comunidades. Em 211 votantes, nenhuma proposta recebeu mais de 26 votos negativos. Cabe-nos, pois, esclarecer e aprofundar as decisões das Comunidades nas próximas assembléias regionais e diocesana.

Pilar - As duas primeiras propostas apresentavam o desafio de realizar, no ano 2.000, o Orçamento Participativo Diocesano e Solidário. Como foram entendidas e aprovadas?
DM - Nos encontros surgiram muitas dúvidas e reservas. Entre outras, o risco de centralização, o perigo de acomodação, a perda de autonomia das Comunidades. Nas votações, porém, em relação à questão mais polêmica, ou seja, um plano diocesano e solidário de obras e reformas, foram poucas as Comunidades que defenderam o costume atual de cada uma por si e Deus por todas! A maioria das emendas serão discutidas e atendidas na elaboração dos regimentos ou regulamentos que deveremos fazer e aprovar para a realização do Orçamento Participativo Diocesano e Solidário e administração ordinária em todos os níveis da diocese.

Pilar - Quais os pontos mais discutidos ou questionados na terceira proposta, subdividida em três etapas ou em três anos de preparação e definição das regras ou normas para a concretização do plano?
DM - As emendas revelaram que as Comunidades precisavam de mais esclarecimentos e assessoria. Por exemplo, muita objeção à criação do museu diocesano, supondo que fosse necessário construir um prédio. Em verdade, trata-se de iniciar de forma organizada o levantamento e a conservação de imagens sacras, de objetos e documentos importantes para a história da diocese. Da mesma forma, aprovada a primeira proposta, faz-se necessário um serviço diocesano ou secretaria de arte sacra e de obras e reformas para zelar pelo patrimônio artístico da Igreja e apreciar projetos que serão submetidos às várias instâncias de aprovação da Igreja. Algumas emendas desejavam que não houvesse normas para festas e promoções, contrariando o princípio de autonomia e comunhão. A proposta não pretende impedir a realização de festas e outras iniciativas, mas garantir que a credibilidade e a honra da Igreja não sejam atingidas. Outro grupo de emendas, contrariando normas do Sínodo Diocesano, propõe substituir a Assembléia Diocesana por outros organismos para aprovar o conjunto de medidas que levarão a Diocese a iniciar o novo milênio com um jeito novo de tratar questões financeiras e administrativas.

Pilar - Sem dúvida, houve muita reação ao plano de cargos e salários e à proposta de remuneração de padres, religiosas e leigos dedicados aos serviços pastorais?
DM - Mais da metade das Comunidades aprova pura e simplesmente a proposta de cinco salários para a manutenção dos padres a serviço da diocese. Algumas concordam, mas cobram uma presença maior dos padres nas Comunidades para a Eucaristia e acompanhamento dos trabalhos. Uma dúzia de emendas deseja que se reduza para três salários. Outras propõem que seja garantida igual remuneração para leigos, religiosas e padres prestando serviço pastoral. A proposta submetida à votação, sem negar a igualdade de condições para todos, apresenta encaminhamentos diferentes, pois os leigos a serviço pastoral devem ter carteira assinada, com implicações de reajustes salariais, os padres ordenados para o serviço da diocese não teriam outra base de sustentação e religiosos e religiosas, além de fazer voto de pobreza, estão na diocese por um tempo definido. Pelas razões expostas, os leigos liberados a serviço pastoral serão contemplados como categoria especial no plano de cargos e salários. Assim, também, que deverá haver um convênio entre a Diocese e a Congregação ou Instituto Religioso sobre a presença, o trabalho e as condições de vida necessárias para os religiosos e religiosas a serviço da Igreja Diocesana.

Pilar - A proposta de aumento de contribuição para a Cúria Diocesana foi bem aceita?
DM - Sim, quando havia clareza do se tratava. Foi a proposta com número maior de votos positivos. Os esclarecimentos foram dados nas reuniões comigo e em várias matérias do Jornal Pilar, desde o ano passado. Para atender às despesas com Seminário, coordenação e administração da Diocese com suas 223 Comunidades e outras instituições nos dois municípios, foi estabelecido pelo Presbitério, em 1981, que dez por cento das coletas ordinárias, de espórtulas e dízimos seriam entregues mensalmente à Cúria Diocesana. Para garantir os recursos necessários até que se defina as novas modalidades em votação, pedia à Igreja que aumentasse sua contribuição em 2%. Aliás, este é o primeiro ano que sem ajuda do exterior o bispo consegue cumprir suas obrigações de pastor, coordenador e administrador da Igreja nos dois municípios.

Pilar - A controvérsia maior foi com a questão de taxas e espórtulas?
DM - Os 134 votos favoráveis foram acompanhados de 24 negativos, seguidos de emendas e outras manifestações ambíguas. Muitos argumentos foram invocados para a manutenção das mesmas. A proposta era radical: sim ou não? As distinções feitas entre dizimistas, freqüentadores assíduos ou ocasionais, merecem uma reflexão crítica. Algumas Comunidades sugerem que as despesas com documentação ou de outra natureza possam ser ressarcidas. Para outras, o dízimo deve substituir espórtulas e taxas. O que está em questão é a busca de formas de manutenção da Igreja que revelem a gratuidade do Evangelho e dos sacramentos pascais e sejam expressão de comunhão e de corresponsabilidade na Igreja.

Pilar - Algum esclarecimento final?
DM - Todos os originais das Atas com os votos das Comunidades estão arquivados para consultas e verificações. Uma lista de emendas será feita para uso da comissão e das assembléias. Em relação à última questão que tratava do patrimônio, a votação revelou que as informações dadas foram insuficientes ou não foram repassadas às Comunidades. A proposta trata de rendas obtidas por paróquias ou pela Cúria com aluguéis de imóveis ou terrenos. No caso da Cúria, a renda obtida até agora tem sido usada para todas as necessidades da diocese. A contribuição das paróquias sempre foi e continua sendo insuficiente para cobrir os gastos mensais com formação, coordenação e administração a cargo do bispo.




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