CF-98 pede que a Igreja se coloque a serviço da Vida e da Esperança


Com as celebrações da Quarta-feira de Cinzas começou a Quaresma e com ela, em todo Brasil, a CF que este ano trata o tema da educação. O que a Igreja quer com ela é apenas ajudar cristãos e comunidades a viver com mais intensidade a proposta quaresmal; mas, é claro, o simples fato de discutir um tema como este acaba sendo inevitavelmente também uma tomada de posição sobre as estruturas educativas e sobre a qualidade de suas propostas. "O Brasil é um país desescolarizado", diz por exemplo o Texto-base analisando e avaliando a mais importante estrutura educativa, a do ensino formal. Mas a reflexão vai além disso e chega a sublinhar a importância de rever muitos dos valores que são apresentados e propostos por esta sociedade.

Pastoralmente, a CF deste ano é uma peça importante do Projeto de Evangelização Rumo ao Novo Milênio.

— O segundo ano da preparação ao grande Jubileu do Ano 2.000, tem como grandes temas: o Espírito Santo, a virtude teologal da esperança, o Sacramento do crisma-confirmação, os Direitos Sociais, a unidade na Igreja, Maria disponível ao dinamismo do Espírito Santo. A CF-98 vai assumi-los todos no amplo e complexo campo da Educação - explica o Ir. Nery, assessor da CNBB no setor de Educação. Ele lembra que entre os Direitos Sociais previstos como campos de "serviço" da Igreja em 98, há exatamente itens quais educação, saúde, informação, comunicação, cultura, meio-ambiente, etc.

— Os vários ângulos da realidade brasileira serão analisados no "Ver" da CF-98, no prisma do processo educativo na família, nas relações humanas do dia a dia, na relação com a natureza, nos Meios de Comunicação Social, na escola, nos grupos, comunidades e associações, no mundo da política, da cultura, da economia... - diz ainda o Ir. Nery.

Não é, como poderia parecer, uma Campanha da Fraternidade que se reduza ao mundo escolar. A CNBB quis ir além do que já havia sido refletido pelas comunidades em 1982. O próprio Ir. Nery explica:

— E é preciso insistir nesta abrangência que se quer dar ao tema educação em 98, à diferença do que ocorreu em 1982, quando o tema educação, com o lema "a Verdade vos libertará", foi trabalhado na CF, preferentemente em sua dimensão escolar. Mas é evidente que o mundo da escola, sobretudo no atual contexto de Brasil de fim de milênio, vai ser devidamente tratado. É impossível não dar-lhe uma grande atenção. Entretanto pesam muito para a educação, por exemplo, as relações humanas, a família, hoje em forte crise existencial, a multiplicidade dos meios de informação e comunicação (escrita e falada, Tv, Vídeo, Cds, CD-ROM, computação, Internet...), e ainda o adestramento contínuo para o consumismo, junto com toda uma crescente consciência sobre cidadania, ecologia, inteligência emocional, explosão de religiosidade, etc.

A CNBB acha que é exatamente neste mundo que se renova que o cristão deve mostrar a sua cara e testemunhar a sua fé. Por isso fala de educação para dizer a necessidade que cada um tem de rever posições, reinterpretar valores, reavaliar propostas, para que a crise de que se fala seja fecunda e leve a uma renovação da sociedade e não ao seu desmantelamento.

Na opinião dos bispos, são muitos os campos que precisam ser reformulados. Falam de uma educação que deve atravessar a busca da cidadania, da que abre para as exigências da vida em sociedade, que desperta para a modernidade, para o uso do tempo livre, para o desenvolvimento da corporeidade, para a ecologia, a cultura, o diálogo. É o núcleo central da CF. É nesses setores que - diz o Texto-base - é preciso intervir.

"A cidade é o ambiente ecológico de grandes massas humanas. A vida nesse aglomerado de gente requer a inclusão de certas atitudes na lista de nossas obrigatórias demonstrações de caridade fraterna. Isso precisa ser ensinado nos diferentes espaços educativos. Entre outras coisas, no mundo moderno, fazem parte da caridade que devemos a todos os irmãos: boas relações de vizinhança; cuidados com a possível escassez de água, energia, etc.; preservação dos equipamentos de uso comum (telefone público, sinais de trânsito, brinquedos da praça...); cuidados com o lixo, incluindo o que é reciclável; comportamento em grandes aglomerações; respeito às regras de trânsito...". São coisas concretas que supõem mudanças profundas de hábitos por parte de todos. Quanto à Igreja, ela só tenta fazer a sua parte.


Na diocese


A CF está sendo trabalhada de várias formas na diocese. A maioria das paróquias e das comunidades fizeram seu próprio planejamento, conforme a realidade e as possibilidades de cada lugar, ficando por conta das regiões pastorais e da diocese apenas iniciativas maiores, de aprofundamento da Campanha, mais que de articulação.

Desejando contribuir com o processo e enriquecer a discussão das comunidades, também a ASPAS deverá promover em Caxias, logo depois da Páscoa, uma mesa redonda para tratar explicitamente o tema da educação escolar na Baixada Fluminense.




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