Antonio Héliton de Santana
A ESCRAVIDÃO
E A RESISTÊNCIA
Escravidão é a perda
Integral da liberdade
A pessoa passa a ser
De outro propriedade
Um senhor, o outro, escravo
em total desigualdade
O negro era vendido
Separada a família
Os parentes espalhados
Sem ninguém saber a trilha
Negavam o seu saber
Faziam do homem ilha
Negavam a sua fé
O seu jeito de viver
Obrigavam a ser cristão
Sem o negro entender
Com a cruz e o chicote
Pra sua força conter
Com o trabalho forçado
A fome de cada dia
as mais diversas torturas
Com toda essa agonia
Vivendo no sofrimento
A negrada resistia
Fugiam, até matavam
O feitor e o patrão
Organizavam a luta
Faziam rebelião
Até se suicidavam
Em prol da libertação
Um meio de resistir
Era o chamado Quilombo
Grupos de negros fugidos
Pra não ter peia no lombo
Se quiser, pode chamar
Esse grupo de mocambo
Havia grandes quilombos
Tantos de não se contar
Eram verdadeiros reinos
Assim se pode chamar
Trinta mil negros havia
Em Palmares, exemplar
O quilombo era a casa
De sofredor explorado
E por lá também viviam
Índios e brancos coitados
A casa de redenção
O paraíso falado
Plantavam milho, banana
Batata doce e feijão
Mandioca e muito mais
Tinham com fartura o pão
Ao contrario da fazenda
Quilombo mundo de irmão
O que sobrava guardavam
Trocavam se necessário
Folgavam após colheita
Duas semanas, é claro
Trabalho em mutirão
Trabalho comunitário
Pescavam, também caçavam
Criavam porco galinha
As tarefas divididas
Cada um a sua tinha
Ninguém explorava ninguém
Todos andavam na linha
Por lá tudo era de todos
Não havia nem meu nem teu
Todos viviam muito bem
Na terra que Deus lhes deu
Bendito, louvado seja
O povo que assim viveu
A resistência existe
De forma bem variada
Cada um deve fazer
Aquilo que lhe agrada
Toda trilha da na venda
Só não vale fazer nada
Tem a luta pela terra
Tem o mundo do trabalho
Tem o dom de escrever
Tem arte. Sem atrapalho
Você escolhe o caminho
Já da pra quebrar um galho
Bata um papo com alguém
Como se organizar
Não precisa muita gente
No primeiro passo a dar
O importante é agir
Agir sem desanimar
Junte-se a outros grupos
Para fazer formação
Junte-se também na luta
Em qualquer celebração
Cuide de sua cabeça
Não esqueça o coração
©Antonio Héliton de Santana
Outros cordéis
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Antonio Héliton de Santana
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