IX Intereclesial
CEBs Vida e Esperança nas Massas
São Luís, MA - 1997


Nordeste


A CAMINHADA
DAS CEBs NO MARANHÃO


A grande maioria das comunidades do Maranhão iniciou como comunidade de culto. As mais antigas iniciaram em 1965 nas paróquias de Tutóia e Bequimão, chegando em 1966 a brotar também nas paróquias de Barreirinhas, Urbano Santos, S. Benedito do Rio Preto, Sta. Rita, Itapecuru e Lago da Pedra.

Não parou por aqui, continuou a se espalhar nos mais diversos cantos do Maranhão. A vida de oração era a mola mestra para toda uma vida comunitária e os acontecimentos bíblicos do povo iluminaram todos os passos, de conversões pessoais aos trabalhos comunitários...

As lutas mais perigosas. Onde houve até martírio pela construção do Reino. Quem imaginar trabalhar na CEBs sem incluir a palavra de Deus, aprofundada e meditada, em vão trabalhará. Justo, veterano da CEBs, relembrando, falou: "Quando a gente começou o trabalho, já existiam as grandes reuniões do povo com o terço, as ladainhas e as novenas. O povo já se reunia no tempo do Natal e no mês de Maio. Reconheço hoje que a semente do Espírito Santo já estava no povo, o que faltava era molhá-la".

Quando as CEBs lançaram o questionário sobre a vida comunitária elas perguntaram: a ligação entre a vida e o Evangelho é uma coisa importante para o povo? A comunidade de Itapecuru respondeu: "E, e como é, Se fazemos uma reflexão ou uma oração que não liga com a realidade do dia a dia, não tem sentido. A bíblia é vida. Se não existisse a vida, não existiria a Bíblia. Então ela não pode ser uma coisa desencarnada da vida".

"Nas rezas já se usava a palavra de Deus. Apesar de que era uma coisa desligada da realidade. A gente começou a encarnar dentro da realidade depois dos trabalhos da CEBs. Então, começou a gente falando de Deus, mas já despertando dentro da própria realidade onde se vive".

Um bom número de CEBs começou com o culto dominical e usavam o jornalzinho "O Domingo" ou outro impresso fora da realidade do Maranhão. Outras recebiam celebrações e sugestões das paróquias e dioceses, e o povo às vezes ajudava na formulação das celebrações. A criatividade neste campo foi a mais diversa.

Gostavam muito de fazer teatro para dramatizar as leituras da Bíblia e as coisas que sofriam na vida. O tempo bom era o levantamento do mastro de São Sebastião, e sobretudo, a Semana Santa, quando juntavam várias comunidades para a Via Sacra. Faziam cânticos tirados da vida e gostavam de criar orações espontâneas. Muitos não sabiam nem falar na comunidade, mas já cantavam. O dia do lavrador era sempre uma festa celebrada na comunidade.

A nível de Regional as comunidades têm a prática de encontrar-se. Já realizaram a sua 35ª Assembléia de CEBs do Regional Nordeste 5. Igreja de muito mártires, como Raimundo Nonato Souza, assassinado no dia 3 de Abril de 1990, nas ruas de Bacabal. Mais uma vítima do latifúndio. "Planejaram a minha morte. Em janeiro andavam dizendo que eu já era defunto".

Ou como Alonso Silvestre Gomes. Casado com Maria Rodrigues dos Santos, pai de 5 filhos. Companheiro de luta e delegado sindical. Foi assassinado na luta pela terra pelo PM pistoleiro de aluguel Marino, em Veloso - São Mateus, no dia 19 de novembro de 1990. São dois casos entre os muitos mártires do Maranhão.


Vamos ao Nordeste - A luta dos índios e dos negros - O Nordeste mudou...
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A caminhada das CEBs - A vida do povo e seus costumes - Vamos acampar em São Luís!


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Colaboração: Missionários Combonianos, Salvador, BA