Conselho Mundial de Igrejas |
Conferência Mundial sobre Missão e Evangelização |
PRESS RELEASE No. 8 28 de novembro de 1996
A crise da comunidade humana e uma das principais caracteristicas da atual conjuntura do mundo, de acordo com estudo do Conselho Mundial de Igrejas, distribuido na Conferencia Mundial sobre Missao e Evangelizacao que o CMI promove no Hotel Othon Palace, em Salvador (BA), com a participacao de aproximadamente 600 representantes de igrejas cristas de 71 paises. O estudo sera debatido a partir de amanha, com vistas a nova declaracao sobre missao e evangelizacao, que sera aprovada e concretizada pelo Conselho Mundial de Igrejas. A Conferencia de Salvador, que representa o maior evento ecumenico ja realizado no Brasil, comecou no ultimo dia 23 e sera encerrada em 3 de dezembro proximo.Suas conclusoes - sobre os desafios a acao missionaria crista no mundo, neste fim de seculo e na transicao para o proximo milenio - serao encaminhadas as 330 igrejas-membros do CMI e tambem as outras religioes. Os elementos da conjuntura mundial sao apresentados sob a expressao "contextos de missao, hoje". Quinze situacoes resumem, de acordo com o estudo, a atual crise internacional, em todas as areas. A queda dos governos socialistas do Leste Europeu e da Uniao Sovietica, diz o estudo, permitiu uma maior liberdade religiosa e uma comunicacao mais facil entre as igrejas. Na Africa, a derrubada do apartheid (para a qual o CMI contribuiu decisivamente) abriu caminho para a reconciliacao e a formacao de uma sociedade multiracial e multicultural. No Oriente Medio, comecou o dialogo entre judeus e palestinos e, mesmo com problemas, as negociacoes permitem pensar numa dimensao de esperanca. Por outra parte, as instituicoes "que mantem as sociedades juntas", como e o caso da familia, estao fragmentando-se. A mesma coisa acontece com os Estados-Nacoes, que se desfazem, a medida em que grupos etnicos reivindicam suas identidades, contra a unidade artificial imposta pelo regime comunista nas ex-Iugoslavia e URSS. Diz o estudo que, em alguns casos, os conflitos entre os grupos que reivindicam identidades diferentes "foram exacerbados por diferencas religiosas". O mercado, continua, e a forca dominante que conforma a sociedade. Os valores do mercado substituem, cada vez mais, os valores eticos. "Predominam o consumismo, o individualismo, o pragmatismo e o relativismo", diz o estudo. No campo macro-economico, o mercado, as transnacionais e os meios de comunicacao unem-se as elites nacionais, para controlar o governo, o comercio e as economias, promovendo o consumismo. Como decorrencia disto, aumenta a exclusao social e economica, muitas vezes baseada na questao racional ou na identidade etnica. As comunidades desintegram-se por causa da migracao provocada pelo desemprego ou pela guerra. De acordo com o estudo, cerca de 60% da populacao mundial vive nas cidades e os excluidos sobrevivem em favelas e corticos. Destaca que as areas urbanas representam "o principal contexto da missao". Nessa realidade, a violencia aumenta (nos lares, nas ruas, entre etnias e com a opressao militar - e a medida em que os excluidos lutam para subsistir, os poderosos aferram-se as suas posicoes de mando. As pessoas que cometeram atos crueis durante os regimes militares continuam em liberdade,"provocando a indignacao das vitimas e de suas familias". A exclusao afeta, especialmente, os jovens que constituem a maioria dos desempregados e dos explorados, em particular no caso das criancas, jovens e adolescentes obrigados a trabalhar. Os jovens representam tambem um alvo especifico para a exploracao da forca de trabalho e noutros aspectos. Do ponto de vista demografico, a populacao juvenil mundial "aumenta de modo espetacular" e uma "cultura especifica" dos jovens espalha-se por todo o mundo, com enorme influencia". Em muitos lugares, diz o estudo, os jovens afastam-se da igreja, por considera-la "escrava de culturas do passado". O fenomeno do fundamentalismo aumenta entre os excluidos - em busca de maior seguranca - e entre os poderosos, que buscam consolidar o seu poder. "O fundamentalismo religioso e a causa da perseguicao a minorias religiosas e, em muitos lugares, os cristaos vivem em um entorno hostil". Paralelamente, a proliferacao de novos cultos e seitas e a retomada de antigas tradicoes religiosas,indicam, de acordo com o estudo, uma "busca pelo sentido da vida e da espiritualidade". Como fenomenos correlatos, "algumas pessoas negam suas raizes cristas e aderem a tradicoes anteriores ao Cristianismo". Em decorrencia, afirma o estudo, ha uma "necessidade urgente de uma chamamento a todos os cristaos a fe, por meio da obediencia pessoal a Jesus Cristo". Em contrapartida, a credibilidade do testemunho cristao e prejudicada por causa das "persistentes divisoes dentro das igrejas e entre elas". Sobre a missao crista no seculo 21, o estudo afirma que a atividade missionaria e um imperativo para todos os cristaos e igrejas, com o objetivo de converter as pessoas e vencer, em nome de Cristo, todas as escravidoes. A igreja missionaria deve, tambem, "ter a coragem de dialogar com as forcas mundiais que moldam as vidas humanas, as visoes do mundo e os sistemas de valores", ajudando as pessoas a viverem sua vida crista, dando testemunho em situacoes pluralistas.
O Conselho Mundial de Igrejas é uma comunidade de igrejas, atualmente 330, presentes em mais de 100 países de todos os continentes, a maioria das quais pertencentes às tradições cristãs. A Igreja Católica Romana mantém laços de cooperação com o CMI, embora não seja uma das igrejas membros. O principal organismo de direção do CMI é a Assembléia Geral, que se reúne aproximadamente a cada sete anos. O CMI foi constituído oficialmente em 1948, en Amsterdam (Holanda). O Secretário Geral do Conselho é o pastor Konrad Raiser, da Igreja Evangelica de Alemanha. |