Conselho Mundial de Igrejas |
Conferência Mundial sobre Missão e Evangelização |
PRESS RELEASE No. 19 03 de dezembro de 1996
A cultura e um aspecto da criacao divina ou e um puro produto da atividade humana? A resposta a essa pergunta provocou polemica entre os participantes de uma das seccoes da 11a.Conferencia Mundial sobre Missao e Evangelizacao, que o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) encerrara hoje a noite, em Salvador (BA). De acordo com o relatorio final da seccao 1, houve, contudo, pelo menos 10 pontos de consenso sobre esse tema, que envolve aspectos teologicos e antropologicos. "A criacao, tal como e vista pelos cristaos - e este e o primeiro consenso - e uma obra da Santissima Trindade". Seguem-se os demais: "Os seres humanos sao criados a imagem de Deus. O Evangelho nao poderia ser assimilado a uma cultura particular. A resposta do ser humano a Deus passa sempre atraves de uma cultura, que nao deve ser considerada como divina. As linguas, os modelos de pensamento e suas expressoes, sao moldadas pelas culturas. Nenhuma cultura pode pretender incluir sozinha a plenitude de Deus. O encontro entre culturas diferentes pode permitir uma compreensao mais rica do misterio divino. Quando as culturas se transformam, podem exprimir-se novas dimensoes da presenca e da acao de Deus. As culturas sao suscetiveis de mudanca e nenhuma pessoa pode pertencer simultaneamente a varias delas ou trocar uma cultura por outra". Com base nesses pontos consensuais, os debatedores dessa seccao concluiram, depois, que "considerando essa ambiguidade", "a cultura deve passar pelo crivo da critica". Acrescentaram que, em varias culturas, os "frutos do Espirito sao visiveis", entre os quais "o amor, a alegria, a paz, a paciencia, a bondade, a benevolencia, a fe, a docura e o dominio de si, assim como a busca de justica nos assuntos humanos". No entanto,todas as culturas podem tambem apresentar "aspectos diabolicos", tais como "todos os elementos que sao hostis a vida, que oprimem ou rejeitam os valores fundamentais ligados as relacoes humanas". Mas o fato de haver esses aspectos, nao significa que Deus esteja ausente dessas culturas. Ele esta presente para julga-las e para compartilhar "todas as dores e sofrimentos huanos". Sobre o relacionamento entre as religioes, a cultura e o Evangelho, o texto final da seccao 1 afirma que a religiao "como sistema de crencas e de ritos" integra a cultura. Quanto ao Evangelho, em si, certos aspectos das demais religioes podem ser considerados "como uma preparacao" para que seja proclamado. Ocorre, paralelamente, que a proclamacao do Evangelho "leva a conflitos abertos com outras tradicoes religiosas", sendo "extremamente importante saber se esses conflitos sao um efeito da mensagem evangelica ou se sao gerados pela falta de sensibilidade, demonstrada por missionarios com relacao a outras culturas". Os delegados das 330 igrejas presentes na Conferencia, reconhecem, depois, de acordo com o relatorio da seccao1,que "muitas pessoas viveram o cristianismo como uma "ma noticia", sobretudo quando as culturas europeias foram consideradas como exemplos do ideal cristao", tendo havido, tambem, muitos exemplos de pessoas e povos (em particular as mulheres e os empobrecidos) que receberam o Evangelho como sinal de libertacao. Uma outra discussao tambem ocupou boa parte dos trabalhos dessa seccao: a de saber se o Evangelho "so pode ser compreendido e vivio a partir da pessoa de Jesus Cristo, havendo, assim, um unico Evangelho" ou se o Evangelho "so e accessivel atraves de formas culturais especificas". Sobre este ponto, que vai ser aprofundado pelo CMI, nao houve consenso. Por ultimo, os participantes da seccao 1 propuseram "uma concepcao dinamica da evangelizacao, que consideraria cada pessoa como depositaria do Evangelho".
O Conselho Mundial de Igrejas é uma comunidade de igrejas, atualmente 330, presentes em mais de 100 países de todos os continentes, a maioria das quais pertencentes às tradições cristãs. A Igreja Católica Romana mantém laços de cooperação com o CMI, embora não seja uma das igrejas membros. O principal organismo de direção do CMI é a Assembléia Geral, que se reúne aproximadamente a cada sete anos. O CMI foi constituído oficialmente em 1948, en Amsterdam (Holanda). O Secretário Geral do Conselho é o pastor Konrad Raiser, da Igreja Evangelica de Alemanha. |