CIMI
Conselho Indigenista Missionário


MANIFESTO
DA XII ASSEMBLÉIA DO CIMI


Chegamos dos territórios indígenas da Amazônia, devastados por madeireiras, mineradoras e garimpos; das terras indígenas do Nordeste, marcadas a fogo pela discriminação; das terras das antigas missões do Sul, hoje reduzidas a áreas dilapidadas; das aldeias do Centro e Extremo Oeste, invadidas pelo latifúndio e golpeadas pelo desespero e até o suicídio.

Chegamos do grande lamento de 500 anos de colonização; chegamos de um Brasil-mercado, onde as vidas e as terras indígenas são leiloadas; mas chegamos também do Brasil indígena em pé de resistência e de esperança. Participando da XII Assembléia do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), reunimo-nos em Luziânia, de 1º a 5 de dezembro de 1997, para celebrar 25 anos de luta ao lado dos povos indígenas.

Analisamos os 25 anos de atuação do Cimi nas diferentes dimensões de uma pastoral libertadora, que abrange a terra, a saúde, a educação, a identidade cultural, sempre com o objetivo de contribuir para a construção da autonomia dos povos indígenas. A vida plena e o protagonismo histórico destes povos são a razão evangélica da missão do Cimi.

No contexto neoliberal de exclusão sistemática e de mundialização centralizadora, os povos indígenas não apenas são esquecidos – nos orçamentos da União, nos latifúndios da comunicação social e nas pastorais com visão quantitativa --, mas também são espoliados em suas terras, violados em sua alma e até queimados em praça pública.

Urgidos por essa dramática situação, que nega o projeto de Deus e impossibilita uma sociedade justa, denunciamos:

Na perspectiva do Jubileu, celebrando 2.000 anos da encarnação histórica do Deus da Vida, e na comemoração dos 500 anos da evangelização do Brasil, nem sempre encarnada na história e na vida dos povos deste País:

Em comunhão com toda a Ameríndia, que se levanta na afirmação da sua dignidade e de sua alteridade para a construção de um mundo pluricultural, confirmados pelo testemunho dos mártires da causa indígena e certos da presença do Deus vivo, paimãe da família humana, prosseguiremos nossa caminhada, "celebrando a luta e crescendo na esperança", rumo a um milênio que seja verdadeiramente novo, sem prepotência, sem discriminação, sem morte programada.

Luziânia/GO, 5 de dezembro de 1997.


Para maiores informações, faça contato com:

CIMI - Conselho Indigenista Missionário
E-mail: cimi@embratel.net.br



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