CARTA À IMPRENSA NACIONAL E
À POPULAÇÃO BRASILEIRA
R$ 10.000,00 (dez mil reais) por mês é o que
a população deste Município irá pagar
ao Banco do Brasil para ter uma Agência. Nunca foi tão
caro ter acesso a um Banco. Alegando um déficit de R$ 12.000,00
mensais para manter a Agência em Gentio do Ouro, a Superintendência
resolveu desativar a Agência deixando a mingua uma população
de 12.000 habitantes, dos quais 2.000 são aposentados,
que vivem o sonho de ao final de cada mês receber seus suados
R$ 120,00 e comprar o mínimo para sua subsistência
e de sua família.
Localizado no Noroeste baiano, na parte setentrional da Chapada
Diamantina, na micro-região de Irecê, Gentio do Ouro
é um Município com extensão de 4.000 km2
divididos por 87 comunidades (Sede com 3.000 habitantes,
5 Distritos com 600 hab. e muitos povoados). Possui 1.000 km de
estradas de acesso, em péssimas condições,
que permitem os carros andar a uma velocidade média de
15 km/h. 85 % da população são analfabetos
e 51% estão incluídos no Mapa da Fome, conforme
estudos do IPEA. Sem falar na renda per Capita que nunca ultrapassou
os US$ 50,00 nos 108 de sua emancipação política.
O drama atual começou 18 meses atrás. No Carnaval
de 1996 um assalto à Agência do Banco transformou
a comunidade. De lá para cá outros 3 assaltos aconteceram,
deixando um saldo de várias pessoas feridas, seqüestradas
e um policial morto. O que foi feito: a Prefeitura, sem condições
de arcar com uma segurança digna e eficaz e diante da falta
de atendimento dos apelos por parte do Estado, reuniu-se com os
aposentados e conseguiu deles o acordo de que cada um contribuísse
dos seus minguados R$ 120,00 com R$ 2,00 para a manutenção
do Banco. Foi instalado uma Comissão Municipal de Segurança
Pública e esta selecionou 6 policiais militares dispostos
a enfrentar o desafio de restaurar a Ordem e a Segurança
no Município. Foi oferecida até uma gratificação
extra aos policiais, além de alojamento e alimentação.
Mesmo assim, dois novos assaltos aconteceram e, devido a uma discussão
em praça pública, mais um cidadão perdeu
a vida.
Como dizem que todo sofrimento para o pobre é pouco,
veio, depois de todos os sacrifícios, a derrocada final:
FOI DECRETADO O FECHAMENTO DA AGÊNCIA DO BANCO DO BRASIL.
Para a população, além de ser um orgulho,
ter uma Agência local é uma real necessidade visto
que a Agência mais próxima fica à 100 km de
distância.
O que não sofre um velho ou uma velha sentada 5 horas
na carroceria de uma Camionete na busca de sua única fonte
de renda mensal ! E o risco de vida dos correntistas que vivem
constantemente a mercê de um novo assalto no Banco ou na
estrada?
Novamente a população Gentiourense dá
uma lição. O Prefeito convocou a comunidade e esta
resolveu arcar com os tais déficits apresentados pela Superintendência.
Cada um dos correntistas, cada um dos aposentados e cada um
dos funcionários públicos dará R$ 5,00 mensalmente.
Além de organizar uma ampla campanha de aumentar o número
de correntistas e assim a arrecadação da Agência.
O que não deve acontecer, assim garante a população,
é o Banco do Brasil ir embora de Gentio do Ouro.
O inconformismo da população é alimentado
pelas notícias que circulam diariamente nos meios de comunicação:
O Governo Federal gastando bilhões de dólares para
salvar Bancos privados, como o Econômico, o Bamerindus e
outros, enquanto se nega a desembolsar R$ 120.000,00 por ano para
manter uma Agência que beneficia 12.000,00. Seria um investimento
de 1,00 Real por habitante por ano, que garantiria a Segurança
Pública, uma vida mais digna para 2.000 velhinhos, além
de alimentar o pequeno comércio local que oferece emprego
e renda a cerca de 1000 pessoas.
Que os cidadãos brasileiros reflitam sobre o real papel
do Banco do Brasil e o cumprimento de seu compromisso social como
Instituição Pública.
Informou: Reiner Tomaselli