A CPT Regional Bahia, representando oito áreas de atuação em todo o Estado, repudia mais esta covarde carnificina, ocorrida no Pará. A chacina de mais 22 trabalhadores rurais sem terra, somadas às tantas outras ja ocorridas, revela, mais uma vez, a ferida aberta provocada pela injustiça da concentração da terra no país.Responsabilizamos:
Em primeira instância, o Sr. Presidente da República por mais esta chacina que nos envergonha como seres humanos. Não basta só apurar os responsáveis pela tragédia. É necessário parar de falar demagogicamente em Reforma Agrária pela televisão mas é preciso realizá-la urgentemente, antes que ocorram novas tragédias.
O Ministério da Agricultura e o INCRA que, burocraticamente, administram a falta de vontade política de realizar a Reforma Agrária, causando assim condições para que novos focos de tensão surjam no campo.
O Governo do Estado do Pará, sobretudo a Secretaria de Segurança Pública porque sabiam do grau de tensão existente na área e nada fizeram para impedir que a tragédia ocorresse.
Ao enterrarmos hoje os corpos de mais esses trabalhadores, cujo crime foi querer terra para plantar, queremos lembrar que no Brasil - e na Bahia - existem situações semelhantes à das famílias chacinadas no Pará.
Acreditar que o ser humano é "imagem e semelhança de Deus"(Gn 1,26) para nós significa continuar o compromisso e o apelo para toda a sociedade: ou a reforma agrária é realizada urgentemente ou seremos obrigados a assistir a esses constantes genocídios, além da morte pela fome e pela acentuação da exclusão.
Salvador, 19 de abril de 1996
- Denúncia
- Nota da CPT Nacional
- Conflitos no Campo - Brasil 1996
Relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT Nacional).