Tailândia
Os filhos do puro diamante
Eles deixam tudo, até as brincadeiras da infância, para se dedicar ao estudo e à meditação. São os meninos-monges da Tailândia, país do Sudeste da Ásia, onde 90% da população segue o Budismo.
Kozo é de origem japonesa. Foi para a Tailândia porque quer ser monge. Com a cabeça e sobrancelhas raspadas, e um manto de cor laranja, ele é um dos meninos que estuda na escola do mosteiro de Viang Chai, às margens do lago Sukotai. Na escola, não pode brincar com as outras crianças. Seu tempo livre deve ser dedicado à meditação e à educação religiosa. Sai, de madrugada, na companhia de outros monges com um prato pendurado no braço para pedir esmolas. O que conseguir recolher servirá para suas refeições, que são consumidas só de manhã, às sete e às onze horas, em absoluto silêncio.
A terra dos mosteiros
Segundo as regras do templo (mais de 227), Kozo deve dormir em uma esteira de palha; não pode usar assentos muito confortáveis; não pode ter relações sexuais, cantar, dançar nem usar perfumes e ornamentos. Mas ele não se incomoda com isso. Desde a sua entrada para o mosteiro, aprendeu que a disciplina é o meio indispensável para superar as paixões e conseguir a liberdade interior. Ele não é mais um menino comum. É um noviço. Está se preparando para ser monge, figura de prestígio num país como a Tailândia onde, para uma população de 56 milhões de habitantes, há cerca de 18 mil mosteiros e 240 mil monges, vivendo em total isolamento.
A festa de Poy Sang Long
O noviciado é inaugurado com a festa do Poy Sang Long (Os Filhos do Puro Diamante), um verdadeiro rito de iniciação que acontece no final de março e início de abril, quando na Tailândia começa a primavera. A cerimônia dura três dias. Bem de madrugada, quando o céu ainda está escuro, com a cabeça raspada e vestido de branco, simbolizando a pureza, o menino vem carregado pelos pais até o templo. Ao redor dele reúnem-se todos os parentes. Durante a cerimônia, a mãe pinta o rosto do filho, o pai prepara o turbante e a coroa de flores e o avô tira de uma caixa as jóias que serão usadas pelo menino. Vestido como um príncipe, o menino deixa o templo e, por três dias, visita todas as casas da aldeia para abençoar seus anfitriões, desejando que a próxima vida seja melhor. Em troca, recebe esmolas, sucos de frutas e doces. Durante estes três dias o menino não pode colocar os pés no chão. Tem que ser carregado nos ombros.
Estes ritos lembram o que aconteceu com o príncipe Siddharta quando, chocado diante do sofrimento humano, ainda usando as roupas de príncipe, montou em seu cavalo e saiu do palácio, em busca da sabedoria. Só depois de muita meditação e de renúncias ele se tornou Buda, o iluminado.
O noviço
No final do terceiro dia, o menino retorna ao templo onde é espoliado de todos os enfeites de príncipe para vestir o hábito de cor laranja. Seus cabelos e suas sobrancelhas são raspados, em sinal de humildade, e a coroa de flores é retirada. Daquele momento em diante, o príncipe está morto para deixar lugar ao espírito de Buda.
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Colaboração da:
Biblioteca Comboniana Afro-brasileira E-mail: comboni@ongba.org.br |