As grandes religiões
Judaísmo
Deus caminha
junto com seu povo
SHALOM! PAZ A TODOS!
Meu nome é Daniel. Vivo com minha família em São Paulo. Meu avô veio da Polônia em 1956. Meus bisavós morreram num campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Naqueles anos, Hitler, o famoso ditador da Alemanha, queria exterminar o meu povo. Meus pais me contaram que mais de seis milhões de judeus foram massacrados pelos nazistas.
A VOCAÇÃO DE ABRAÃO
A história do meu povo começou na Mesopotâmia (atual Iraque) há cerca de 4 mil anos. Nessa região viviam famílias de migrantes que se deslocavam toda hora à procura de pastagens para seus rebanhos. Entre elas havia a família de Abraão e Sara, um casal de velhinhos que, durante a vida inteira, tinham peregrinado em terras hostis para conseguir o necessário à sobrevivência. Um dia, inspirados por Deus, abandonaram tudo e dirigiram-se até uma região fértil, na atual Palestina, onde se instalaram definitivamente e começaram a prosperar.
MOISÉS, O LIBERTADOR
Por causa de uma seca, porém, os descendentes de Abraão e Sara tiveram que abandonar aquela região e fugir para o Egito, onde, aos poucos, foram transformados em escravos a serviço do Faraó. Essa situação durou mais de quatro séculos. Foram anos de grande sofrimento. O povo chorava e pedia que Deus intervisse para libertá-lo. Um dia, Deus não agüentou mais. Assim, chamou Moisés, que conduziu o povo da escravidão do Egito para a liberdade da terra de Canaã (Palestina) e deu-lhe as normas que deveriam orientar a sua vida e as das gerações futuras.
JUÍZES, REIS E PROFETAS
Depois de Moisés, outras figuras importantes apareceram: líderes populares que organizaram o povo na conquista e defesa do território, reis corajosos e sábios que levaram o povo à prosperidade e profetas que, nos momentos mais difíceis, souberam despertar nas pessoas mais desiludidas e acomodadas a vontade de viver e de lutar.
O EXÍLIO
Com a morte do rei Salomão (931 a.C.), uma grande briga para a conquista do poder acabou provocando a divisão do reino em duas partes: o Reino de Israel, com sede na Samaria, que caiu em poder da Assíria em 722 a.C., e o Reino de Judá, com sede em Jerusalém, que caiu em poder da Babilônia em 586 a.C. Mais uma vez o meu povo sofreu muito. O templo, símbolo da unidade, foi destruído. Muitos foram massacrados. Os sobreviventes foram levados em exílio para a Babilônia. Ali, sem lei, sem templo, sem terra e sem rei, orientado apenas pelos profetas, o povo recuperou sua amizade com Deus.
A RECONSTRUÇÃO
Quando, setenta anos depois, os exilados voltaram para a terra de seus pais, tudo começou a ser reconstruído. Coube ao sacerdote Esdras reorganizar tudo, dando destaque à vida de oração e às celebrações na sinagoga, o local onde, a partir do exílio, o povo começou a se reunir para a leitura da Bíblia e a prece.
A DISPERSÃO
Posteriormente, a Palestina foi ocupada pelos gregos e, em seguida, pelos romanos. No ano de 70 d.C., os romanos destruíram o novo templo de Jerusalém. Novamente atacados pelos romanos em 136 d.C., os meus antepassados foram definitivamente vencidos. Começou então o período da dispersão (diáspora) pelos quatro cantos do mundo. O meu povo foi barbaramente perseguido e massacrado durante a Segunda Guerra Mundial. Com o final da guerra, mais exatamente em 1948, foi criado o estado de Israel como nação independente. O país conta hoje com uma população de cerca de 5 milhões de habitantes.
A BÍBLIA
Tudo isso que lhe contei está escrito na Bíblia, nosso livro sagrado. Ela é a memória da história da aliança entre Deus e o meu povo. É parecida com aquela dos cristãos, embora apresente grandes diferenças.
A parte principal é a Torá ou Lei de Moisés, também conhecida por Pentateuco. A Torá é constituída pelos primeiros cinco livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Dizem que foi escrita pelo próprio Moisés. Além dela, há outras duas partes: os Profetas e os Hagiógrafos.
TALMUD
Além da Bíblia, a gente leva em grande consideração o Talmud, conjunto dos comentários orais sobre a Torá. Ele está dividido em três partes: Michnah: contém leis civis e criminais, e disposições sobre cerimônias e práticas religiosas. Guemarah: comentário sobre a Michnah. Cabala: interpretação tradicional da Torá.
A CIRCUNCISÃO
O nascimento de uma criança é um acontecimento que traz grande alegria para o meu povo. Durante uma oração na sinagoga, o recém-nascido recebe o nome. Oito dias depois, se o bebê for do sexo masculino, tem que ser submetido ao rito da circuncisão: é cortado o prepúcio do menino em sinal de pertença ao povo de Deus.
BAR MITSVAH
Quando o menino chega aos 13 anos, alcança a maturidade religiosa. A partir desse momento, é obrigado a praticar os 613 mandamentos da Torá.
A ORAÇÃO
Para nós a oração é muito importante. A gente ora três vezes por dia: de manhã, à tarde e à noite. Durante a oração a gente cobre a cabeça com o talit, um xale com numerosas franjas que lembram os 613 mandamentos. Nos braços e ao redor da testa penduramos os filactérios, pequenas caixas de pergaminho que contêm trechos da Bíblia.
O SÁBADO
O sábado é sagrado. Não é permitido trabalhar, cozinhar, viajar, escrever ou fazer qualquer outra atividade produtiva neste dia. É dedicado a Javé e lembra que, ao criar o mundo, ele descansou no sétimo dia.
A oração comunitária acontece na sinagoga. É presidida pelo rabino. Para começar, é necessário que estejam presentes 10 homens maiores de 13 anos.
O NOME DE DEUS
Deus, como sinal de sua amizade, nos revelou seu nome. Mas, por respeito, a gente não o pronuncia. Como ordena o Pentateuco, é absolutamente proibido realizar qualquer imagem de Deus.
À ESPERA DO MESSIAS
Nós acreditamos que Deus sempre caminhou junto com o nosso povo e que conduzirá nossa história até a chegada do Messias. Para os cristãos, o Messias é Jesus. Mas nós ainda estamos à sua espera. Este virá, um dia, para inaugurar o Reino de Deus e colocar os homens num mundo inteiramente novo.
AS FESTAS
O meu povo gosta muito de festas. Elas lembram as etapas principais de nossa história.
Rosh Há-Shaná é a primeira festa do ano e se celebra no outono. Marca o começo do ano. Dá início a um período de dez dias de penitência, em que cada um de nós pede perdão pelos pecados cometidos durante o ano anterior. Na sinagoga prevalece a cor branca, sinal de penitência. Esse período termina com o dia do perdão ("Yom Kipur"), consagrado ao jejum e à oração.
No dia 15 de Nissan (março-abril), começa a festa de Páscoa (Pesach). Dura oito dias. O momento mais importante é a ceia. Durante essa cerimônia, fazemos memória da noite santa em que Deus libertou o meu povo da escravidão do Egito.
Cinqüenta dias depois da Páscoa, celebramos a Festa das Primícias (Shavuót): é o momento de agradecimento pelo dom da Torá. Em sinal de gratidão, oferecemos a Deus os primeiros frutos das colheitas. Na ocasião, as sinagogas são todas decoradas com flores.
Enfim, no outono, celebramos a Festa das Tendas. Na ocasião construímos cabanas para lembrar a travessia do deserto, quando o povo era obrigado a viver em tendas, após ter se libertado da escravidão do Egito.
OS SÍMBOLOS
O meu povo usa muitos símbolos, mas dois são de grande importância. O primeiro é o Menorah, um candelabro que simboliza a árvore da vida. Ele tem sete braços que representam a luz, a justiça, a paz, a verdade, a benevolência, o amor fraterno e a harmonia. O segundo é a Maghen Davi, uma estrela de seis pontas, formada por dois triângulos eqüiláteros cruzados.
A SINAGOGA
Depois da destruição do Templo de Jerusalém (70 d.C.), a sinagoga tornou-se o centro principal da vida religiosa e comunitária de meu povo. Nela existem uma arca que contém a Torá, uma lâmpada (permanentemente acesa para lembrar aquela do Templo e a presença da Lei), dois menorás, um púlpito para a leitura (de onde o rabino preside o serviço), e um espaço reservado às mulheres.
Volta ao Sumário do mês de Agosto
Colaboração da:
Biblioteca Comboniana Afro-brasileira E-mail: comboni@ongba.org.br |