Natal
Faltam quatro dias...Era uma vez um imperador romano que se chamava Augusto. Era o dono de quase todo o mundo até então conhecido. Um dia ele enviou uma ordem a todos os governadores das províncias do império: "Quero saber quantas pessoas eu governo. Quero o nome e o endereço de todos os meus súditos. Então vou saber quantos impostos posso cobrar. Então saberei quantos homens posso convocar como soldados". O paradeiro de Deus
RUMO A BELÉM
A ordem chegou também nas mãos de Quirino, governador da Síria e representante do imperador em Israel. Ele providenciou para que todos obedecessem à vontade do imperador. Não faltaram os protestos. Os zelotas, um grupo de terroristas contrários à ocupação romana, intensificaram seus ataques contra os soldados estrangeiros. Só os comerciantes gostaram da idéia. Eles sabiam que iam faturar um montão de dinheiro com o deslocamento do povo para suas cidades de origem. Como todos os outros, José e Maria tiveram de informar seu nome e endereço. Porém, não podiam fazer isso na cidade onde moravam, mas tiveram de voltar ao lugar de onde era sua família. José e Maria estavam morando em Nazaré, no norte de Israel. Tiveram de viajar para o sul, para Belém, o lugar onde nascera o rei Davi. É que eram parentes distantes dele.
Tiveram que enfrentar 150 quilômetros. A viagem foi cansativa. A estrada era perigosa. Os bandidos assaltavam os peregrinos.
Maria podia ter ficado em casa. As mulheres não eram obrigadas ao recenseamento, mas estava no nono mês de gravidez e José não quis deixá-la sozinha.
Demoraram três dias para chegar a Belém. Os albergues da cidade estavam lotados. Não havendo vaga para eles, tiveram que passar a noite numa gruta que servia para abrigar os animais durante a noite.
ONDE MORAS?
Alô, Jesus!Andei pela vida à tua procura. Perguntei pelo teu nome e pelo teu endereço. Quero saber o lugar onde moras. Quero te encontrar e conversar contigo. Mas me deram tantos nomes e endereços que fiquei perdido. Onde moras?
Uns me indicavam os grandes templos e igrejas. Eles diziam: "O nome dele é Deus supremo!" Fui lá mas não te encontrei. Só encontrei pedras bonitas e pessoas que diziam saber tudo a teu respeito. Não consegui acreditar nelas, por mais que eu quisesse. Meu coração me dizia: "O meu amigo Jesus não é assim". Pois eles só queriam ensinar coisas e colocar suas idéias na minha cabeça, como se eu fosse um ignorante.
No meio deles não encontrei a justiça nem o amor.
Outros me indicaram grupos que cantavam e rezavam. Eles gritavam: "Jesus é o Senhor! Ele é o nosso Salvador". Fui lá, mas fiquei na dúvida. Encontrei gente boa, mas não encontrei humildade. Eles também só queriam ensinar coisas e colocar as suas idéias na minha cabeça. Depois só queriam dinheiro, muito dinheiro para fazer milagres no teu nome. Fiquei enjoado. Não encontrei neles a liberdade da qual eles tanto falam.
Continuei andando à procura da tua morada, da tua presença. Cansado e suado de tanto andar, parei na casa de um pobre. Ele estava sentado na calçada em frente a seu barraco. Aproveitava da brisa do fim do dia. Perguntei a ele do teu endereço e pelo teu nome. E ele me disse: "Meu amigo, perdoe a minha ignorância. Eu me chamo Severino. Não sei informar nada. Mas entre aqui e descanse um pouco. Você tem o aspecto de quem anda cansado. Enquanto estiver comigo, esta casa é sua!" Entrei e estou lá até hoje!
Não sei se tu moras na casa de Severino. Ele me diz que não te conhece. Mas junto dele encontrei a paz e a humildade, a partilha e o perdão, a solidariedade e a luta pela justiça, encontrei a plena liberdade. Responda à minha pergunta: É na casa deste pobre que tu te escondes?
Só pode ser! Pois ele não se apresenta como professor, e já me ensinou tanto! Ele não tem nada e me deu tudo o que eu precisava. Ele se diz ignorante, mas sabe muito mais do que eu. Ele é não tem forças, mas até hoje ninguém conseguiu derrotá-lo na sua luta por justiça. Vive cheio de sofrimento, mas nunca encontrei tanta alegria. Vive lutando, e só comunica a paz.
Se esta não for a tua morada, Senhor, eu já não sei mais onde procurar. Aqui encontro e recebo o que procurava. E aqui eu fico com gratidão, até que me indiques um endereço melhor. Só espero que, um dia, me reveles o teu nome.
Joaninho Borchardt
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Colaboração da:
Biblioteca Comboniana Afro-brasileira E-mail: comboni@ongba.org.br |