Comunidades Eclesiais de Base

O trenzinho
chega à ilha


As Comunidades Eclesiais de Base preparam-se para a grande festa do Nono Encontro Intereclesial, em São Luís, no mês de julho.


Paulo Lima


Depois de passar pela cidade gaúcha de Santa Maria, sua última estação, em setembro de 92 - onde foi celebrado o oitavo encontro, com a participação de mais de 2 mil delegados do Brasil e também de outros países latino-americanos e caribenhos - , o trenzinho dos encontros intereclesiais de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) recebe o nono vagão em sua próxima parada, na capital do Maranhão, a ilha de São Luís, de 15 a 19 de julho próximo.

A preparação vem de longe. Praticamente, teve início com o encerramento do encontro de Santa Maria. Celebrações e assembléias têm sido feitas nos mais diferentes níveis - paroquial, diocesano e regional -, em preparação ao grande evento deste ano. "CEBs e massas" é o tema. E o lema: "CEBs: vida e esperança nas massas". Abertas, as comunidades querem refletir sobre a vida e a esperança que delas nascem no meio da grande massa, o conjunto da população.


FESTA DA CAMINHADA - O primeiro Intereclesial foi realizado, há 21 anos, em Vitória. Setenta pessoas, de onze dioceses, abrangendo sete Estados, reuniram-se na capital capixaba para proclamar que as CEBs são "Uma Igreja que nasce do povo pelo Espírito de Deus". Era o primeiro vagão de um trem que, nesse tempo todo, não apenas viajou bastante, mas também cresceu em tamanho e experiências, na busca de respostas para os desafios da Igreja e da sociedade brasileira.

O trem das CEBs

    1975 Vitória/ES
    1976 Vitória/ES
    1978 João Pessoa/PB
    1981 Itaici/SP
    1983 Canindé/CE
    1986 Trindade/GO
    1989 Duque de Caxias/RJ
    1992 Santa Maria/RS
    1997 São Luís/MA


O encontro constitui muito mais do que uma reunião de estudos ou fórum de decisões. É uma festa de celebração da vida, fé e caminhada das comunidades, como explica o paulista João Dias Batista, 52 anos, integrante da Comissão Ampliada Nacional, a equipe responsável pela coordenação geral do Intereclesial de São Luís.

João Batista lembra que, segundo os primeiros registros, as CEBs nasceram há 37 anos, como expressão de um novo jeito de ser Igreja, comprometida com a libertação dos empobrecidos. Depois, elas cresceram em número e em profundidade por todo o Brasil, tornando-se sementeira de um sem-número de organizações populares nas periferias das cidades e na zona rural.

As CEBs estão em crise? Passam por um momento de desencanto? Estão definhando? O arcebispo de São Luís, Paulo Ponte, discorda das pessoas que pensam assim. Elas estão "bem vivas e espalhadas em todo o território brasileiro", ele escreve na apresentação do texto-base do Nono Intereclesial.

Um recente estudo do Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais (Ceris), ligado à conferência dos bispos, revela a existência de aproximadamente 80 mil CEBs, o que representa uma média de 10,6 comunidades para cada uma das 7.500 paróquias católicas brasileiras.


EIXOS DO ENCONTRO - Vários subtemas irão ocupar as atenções dos delegados das CEBs em São Luís, servindo também de pano de fundo para as celebrações: catolicismo popular, raízes indígenas e africanas da religião popular brasileira, pentecostalismo como fenômeno religioso de massa, a massa dos excluídos e suas organizações, CEBs e movimento popular.

Esses assuntos são amplamente abordados no texto-base, escrito a várias mãos por assessores que acompanham a caminhada das CEBs no país, como Pedro de Oliveira, Carlos Mesters, Heitor Frisotti, Jung Mo Sung, Clodovis Boff, Regina Novaes e outros.

Cerca de 3 mil pessoas estão sendo esperadas em São Luís, entre delegados das CEBs, bispos, convidados e assessores. São Paulo participa com uma delegação de 350 pessoas, a maior de todos os encontros até hoje. "Vai ser realmente uma peregrinação de vida e esperança a São Luís", diz João Batista, para quem as CEBs do Sul do país estão numa fase de efervescência e de intensa atividade, na luta por cidadania no campo e na cidade.

Na capital maranhense, desde o ano passado, um batalhão de gente das comunidades - mais de quinhentas pessoas - atua nas equipes de serviço que cuidam de toda a organização local do evento. Essa preparação teve seu ponto alto em julho do ano passado, quando aconteceu a 37ª Assembléia das CEBs do Maranhão, chamada de "Noninho", uma espécie de ensaio geral.

Seguindo um costume que já virou tradição, antes do início do Intereclesial, de 11 a 14 de julho, no mesmo local e com o mesmo tema, acontece o Quinto Encontro Latino-Americano e Caribenho de CEBs, para o qual estão sendo esperados trezentos delegados de vários países do continente.


(Paulo Lima, p. 20)


Para saber mais

Informações detalhadas sobre o Nono Intereclesial de CEBs você encontra no jornal "A Caminho", que traz também entrevistas e reflexões sobre os temas do encontro.
Para adquirir o jornal e também o texto-base, entre em contato com a equipe organizadora:
    Praça Antônio Lobo, 03 - Centro
    65010-050 São Luís - MA
    Fone: (098)232.8316 - Fax: (098)232.4713.
e-mail: nonocebs@intermar.com.br
http://www.ongba.org.br/memoria/9cebs