Amigo dos excluídos e defensor dos direitos humanos, o cardeal peruano Juan Landázuri Ricketts faleceu em Lima, aos 83 anos, em janeiro último.
Membro da família franciscana, esteve à frente da arquidiocese de Lima por mais de trinta anos. Sempre privilegiou os mais necessitados em sua ação pastoral. Por isso, era conhecido como o "cardeal dos pobres".
HOMEM DO CONCÍLIO - "Procurei viver o Evangelho e minha vocação franciscana ao lado do povo, de modo simples e trabalhando com os mais carentes", disse ele numa entrevista ao completar 80 anos.
Nomeado cardeal em 1962 pelo papa João XXIII, foi membro da comissão que preparou o Concílio Vaticano II. Esforçou-se para pôr em prática as idéias inovadoras do Concílio, principalmente a renovação litúrgica e a opção preferencial pelos pobres.
Como presidente da conferência episcopal peruana, participou ativamente de grandes acontecimentos da Igreja católica latino-americana, como as conferências de Medellín (1968) e Puebla (1979).
Temas como pobreza, injustiça social e nova evangelização ocuparam o centro de suas preocupações e de sua pregação como cardeal. Landázuri virou figura de destaque na história recente da Igreja católica de seu país e do continente.
CARINHO E FIRMEZA - O teólogo peruano Gustavo Gutiérrez lembra que o cardeal era uma pessoa muito delicada no trato com todo mundo, mas, ao mesmo tempo, firme e sincero em suas opções e discursos. Especialmente quando se tratava de defender os direitos dos empobrecidos e mostrar a realidade como ela é.
"A Igreja latino-americana se fez adulta em Medellín, e isso se deve muito à atuação de Landázuri", atesta Gutiérrez, considerado o fundador da Teologia da libertação. A presença do cardeal em Puebla também foi decisiva para conciliar os espíritos e avançar na linha da opção preferencial pelos pobres.
Landázuri se mostrou prudente em relação aos diversos governos do Peru, mas atuou com determinação na defesa dos trabalhadores e dos direitos humanos. Denunciou o desaparecimento de presos e o encarceramento de inocentes.
Gutiérrez lembra que o cardeal teve uma participação decisiva na vida da Igreja peruana. Foi um grande amigo de Deus e das pessoas. "Não é atrevimento dizer que ele era tido como uma das pessoas mais queridas do país."
Com a morte do cardeal dos pobres, resta apenas um cardeal peruano, Augusto Vargas Alzamora, arcebispo de Lima.
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