Charles de Foucauld,
irmão dos Tuareg
Nasceu em Estrasburgo em 1858, um ano em que a imprensa só falava no imperador Napoleão III e os cristãos, sobre as aparições de Lourdes.
De família rica e nobre com uma galeria de antepassados famosos, é filho de Eduardo de Foucauld, inspetor de florestas, e neto do senhor de Morlet, coronel aposentado da Cavalaria, do qual recebe uma rica herança.
Respira os ares do agitado clima de ateísmo da época e abandona o catolicismo. Freqüenta a Escola Especial Militar de Saint Cyr e chega ao posto de segundo-tenente. Demitido da Cavalaria por mau comportamento, começa uma viagem pelo deserto do Marrocos - na época, colônia francesa - na qualidade de cartógrafo.
Em contato com a religião muçulmana, vive uma profunda experiência mística e recupera a fé em Deus, retornando à Igreja católica.Visita os lugares sagrados da Palestina. Em Nazaré, encontra o "tesouro escondido" do chamado à vida religiosa. Renuncia à sua herança e vira monge trapista, fundando, mais tarde, a Congregação dos Pequenos Irmãos de Jesus.
Aos 43 anos de idade, é ordenado padre na França, ou melhor "sacerdote dos mais pobres que vivem no deserto", como ele diz.
De novo no Marrocos, a partir de outubro de 1901, anuncia o evangelho a soldados franceses, a árabes e berberes. Trabalha em favor da paz entre franceses e guerrilheiros tuaregues. No pequeno eremitério que constrói para si em Tamanrasset, recebe várias vezes a visita de Moussa Ag Amastan, chefe dos nômades e simpatizante da religião professada pelo padre Charles.
Quando estoura a Primeira Guerra Mundial na Europa (1914-1918), a Itália declara guerra à Turquia e ocupa a Líbia. Por vingança, os turcos incitam os árabes a combater os europeus.
Na noite do dia 1º de dezembro de 1916, Sarni Ag Tohra, um muçulmano fanático, junto com outros assaltantes, arrasta Charles para fora do eremitério e o fuzila.
Debaixo da cabeça despedaçada pelos disparos, a areia se avermelha de sangue. O sangue do mártir do deserto, que tanto fez para que os Tuareg fossem respeitados em sua dignidade. - Enzo Santângelo.
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