Opinião dos bispos
Críticas aos Lineamenta, na introdução à síntese das respostas ao questionário.
Falando de Sínodo para a América, no singular, acentuam-se os aspectos "comuns" às Américas "como uma única realidade geográfica". Mas muitos lembram a proposta do papa na Tertio Millennio Adveniente, que fala de um Sínodo para as Américas, no plural, e não simplesmente para a América.
Joga-se desta forma luz não apenas no que há de comum, mas também no que há de diferença,"pela origem e pela história", entre as Américas. Acham alguns que, tratando dos "problemas comuns", corre-se o risco de esquecer as divergências e os conflitos entre o Norte rico e o Sul subdesenvolvido. Como deseja o papa, o sínodo deveria dar conta da "enorme disparidade entre o Norte e o Sul" (cf. Tertio Millennio Adveniente, 38).
(...) Pede-se retomar a metodologia do próprio Concílio Vaticano II e sua teologia dos "sinais dos tempos" (cf. GS 1,4) e, conseqüentemente, valorizar mais a contribuição das ciências humanas (econômicas, políticas, sociais...). Assim, atender-se-ia melhor à tradição recente da Igreja na América Latina com relação ao método "ver-julgar-agir": ver criticamente a realidade, iluminá-la com a luz da Palavra de Deus e da Tradição e buscar perspectivas para o futuro.
Sobre o conteúdo dos Lineamenta, há opiniões diferenciadas. Observa-se que: não valoriza o magistério das Igrejas das Américas e, sobretudo, sua experiência no exercício da colegialidade nas respectivas conferências episcopais; não valoriza suficientemente as experiências eclesiais das Igrejas do continente; deveria aprofundar melhor a dimensão trinitária da fé cristológica; é importante colocar o fundamento cristológico da solidariedade; a temática da inculturação deveria ser tratada com mais propriedade.
Vários aspectos ou temas, importantes para a vida eclesial, não foram contemplados: a análise do sistema neoliberal; as teologias do continente; as Comunidades Eclesiais de Base e as pastorais; a nova consciência da mulher na sociedade e na Igreja; a vida consagrada no continente, sobretudo a vida religiosa inserida no meio dos pobres; a santidade martirial não só do passado, mas também no nosso tempo; a análise crítica das deficiências das estruturas internas da Igreja e dos ministérios.
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