A África é aqui
Chocó, na Colômbia. Centenas de quilômetros de bosques tropicais impenetráveis e uma cadeia de montanhas de até 5 mil metros de altura separam as pequenas aldeias de pescadores negros do restante do país. A rodovia mais próxima é a que leva ao porto de Buenaventura, ao norte. Para se chegar ao Chocó, é preciso viajar ainda 240 quilômetros de barco na direção sul.
Até vinte anos atrás, quando se construiu uma série de pistas de pouso na região, os descendentes dos escravos que, muito antigamente, estabeleceram aqui o seu território de liberdade, viveram praticamente sem qualquer tipo de contato com a sociedade colombiana.
Os negros do Chocó seguem vivendo da agricultura e da pesca, como os antepassados. Os casamentos convencionais são cada vez mais freqüentes, mas a poligamia sobrevive. Os ritmos latinos também chegaram, junto com a cerveja e a Coca-Cola, porém os grupos ainda se reúnem nas praias de areia negra, durante a noite, para tocar seus tambores, instrumentos de percussão e flautas feitas por eles.
Muitas das enfermidades do homem branco são desconhecidas no Chocó. Até quando? Aos poucos, o isolamento vai sendo quebrado, com o advento da eletricidade, a televisão e o telefone. Vôos aéreos cada vez mais freqüentes anunciam a chegada de turistas a essa região cheia de encantos.
Turistas, hotéis, restaurantes... A população negra do Chocó, terra da liberdade, começa a enfrentar um novo e grande desafio. O avanço inevitável da chamada civilização ameaça quebrar o ritmo da liberdade aqui plantada pelos antigos.
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