Concurso
de beleza masculina
A festa bororo do gerewol e do yakeol é celebrada todo ano, quanto termina a estação das chuvas, entre o final de setembro e o final de outubro. Chega a reunir até mil pessoas e dela podem participar os membros de qualquer um dos sete clãs bororos. O clã que organiza o evento deve cuidar para que todos os visitantes encontrem comida e um lugar onde montar suas tendas.
Os jovens se preparam para a dança pintando o rosto com linhas de cor amarelo-ocre e branca para ressaltar suas feições agudas. Na cabeça, levam um turbante ou um gorro da etnia peul. Dos ombros lhes cai uma longa peça de tecido de várias cores. Calçam sandálias de couro ou de borracha.
É esse o uniforme para a primeira dança, o gerewol, que dá nome à festa e que começa na parte da manhã. Dispostos em filas, os jovens dão-se as mãos e as levantam ritmicamente, alçando-se sobre as pontas dos pés. Abrem os lábios, deixando os dentes bem à vista, e giram a pupila para mostrar o branco dos olhos. É que, para os Bororo, a beleza está associada à cor branca.
Todos os rapazes de 15 a 30 anos, casados ou não, com ou sem filhos, podem participar dessa dança. O adulto só deixa de participar quando o filho mais velho se junta pela primeira vez ao grupo dos dançadores.
O público é formado principalmente por moças e mulheres. Alguns anciãos movem-se entre o público e os dançadores para pôr ordem na dança.
Ao pôr-do-sol, os mesmos jovens que dançaram o gerewol se entregam à dança do yakeol. Têm a face brilhante, com pinturas de tonalidades ainda mais brancas. Levam plumas de avestruz na cabeça, chocalhos nos tornozelos e pequenas tochas na mão. Um grito profundo sai da sua garganta, enquanto, dispostos em fila, fazem soar os chocalhos.
Se pela manhã dançavam exaltando a própria beleza, agora é algo diferente o que parecem manifestar: espírito de grupo, ritmo, força. Dançam uma dança de guerra que celebra uma vitória.
Ao amanhecer do dia seguinte, acontece uma terceira dança. Nesse momento, as jovens participam em maior número e mais animadamente. Com muita discrição, elegem o togu, o jovem mais belo. De repente, um grupo delas se separa do público e rodeia rapidamente o jovem escolhido.
Logo volta a calma. O jovem togu se distancia, acompanhado pelos anciãos, que o cumprimentam. Além de belo, o togu deve ser uma pessoa nobre, pacífica e animada por um imperturbável sentido de dignidade. Enfim, um homem que merece ser escolhido como marido.
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