Festa cigana
na Praça de São Pedro
"El Pelé não é um ladrão. Ele é São Zeferino Giménez Malla, o patrono dos ciganos."
A profecia do juiz espanhol ao decretar a inocência do cigano Zeferino - preso por suposto roubo de cavalos - pode não ter se realizado por completo, mas falta pouco. No dia 4 de maio deste ano, o papa João Paulo II fez dele o primeiro beato cigano da história da Igreja. De beato a santo parece questão de tempo.
Foram milhares os ciganos, dos mais diferentes países, a participar da missa de beatificação. Com suas músicas, cores e alegria, eles tomaram conta da Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano, para homenagear Zeferino e pedir as suas bênçãos.
Comerciante de cavalos, nascido na Catalunha, Espanha, em 1861, são muitas as maravilhas que se contam de "El Pelé".
Religioso a toda prova, catequista embora analfabeto, amante da natureza e das crianças, costumava bater sempre à porta dos pobres da região onde morava para dividir com eles mantimentos, bondade, solidariedade. A casa dele estava sempre aberta para quem buscava o que comer, um abrigo, um gesto de misericórdia.
Em 1936, aos 75 anos de idade, durante a Guerra Civil Espanhola, tentou interceder por um sacerdote que estava sendo maltratado por milicianos. Preso, depois de quinze dias no cárcere foi levado ao cemitério da cidade e ali fuzilado, junto com outros doze condenados. Lançado numa fossa comum, seu corpo jamais foi encontrado.
"Beato Zeferino do Cavalo Branco, rogai por nós!" O padre Jorge Rocha Pierozan, 32 anos - ou padre Rocha -, da Pastoral dos Nômades no Brasil, esteve presente.
Ele escreve: "Todos os anos, no dia 4 de maio, vamos celebrar com os ciganos a festa do beato Zeferino, padroeiro de sua raça. Enquanto isso, vamos rezar para que nosso mártir seja logo canonizado e que surjam outros/as beatos/as e santos/as no meio dos grupos ciganos do mundo inteiro".
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