Poder de gigante
"Podemos e devemos discutir questões de democracia, direitos humanos e liberdade religiosa em Cuba, mas depois de uma luta vitoriosa contra o embargo."
A opinião é do religioso dominicano Frei Betto, que condena o fato de Cuba não poder comercializar livremente com os outros países e defende o direito exclusivo do povo cubano de determinar os destinos de sua pátria.
Críticas e condenações ao embargo, imposto a Cuba pelos Estados Unidos em 1962, não faltam. Em novembro de 1996, pela quinta vez consecutiva desde 1992, a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) exigia novamente o fim das sanções. Votaram 137 países, inclusive todos os membros da Comunidade Européia. Foi mais uma resolução sem qualquer efeito prático.
Em março de 1996, o Congresso dos Estados Unidos decidiu apertar ainda mais o bloqueio comercial, aprovando a lei Helms-Burton, que ameaça dificultar a vida de empresas estrangeiras que façam negócios com Cuba. Por exemplo, impedindo que seus dirigentes ou familiares obtenham visto de entrada nos Estados Unidos.
"A lei Helms-Burton, que reforça o bloqueio americano à Ilha, é o sintoma mais evidente de que a Casa Branca se julga um governo mundial", escreve Frei Betto. Ele acha curiosa a complacência das demais nações. "Pode-se imaginar a reação se Cuba decidisse bloquear o porto de Miami?"
Tendo derrotado os espanhóis em 1899, os Estados Unidos ocuparam militarmente Cuba até 1902, o ano da independência.
Em seguida, até 1934, mantiveram o poder de intervenção no país, o que permitiu que suas tropas ocupassem a Ilha por cinco vezes no período. Até hoje os Estados Unidos mantêm em território cubano sua base naval de Guantánamo.
Durante a ditadura de Fulgêncio Batista (1952-1959), os Estados Unidos investiram pesadamente no país, nos setores açucareiro, de mineração, turismo e jogo. Em 1959, o ano do triunfo da Revolução, controlavam quase metade da produção açucareira, 90% das minas e fazendas e 80% dos serviços públicos e das ferrovias.
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