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Apresentação:
Este glossário tem por objetivo familiarizar os profissionais das mais diversas áreas com conceitos básicos em Saúde Mental, viabilizando uma maior compreensão da Psicologia e de outras ciências do comportamento. Desta forma, buscamos favorecer à interdisciplinaridade e à colaboração entre os vários profissionais na prevenção, julgamento e tratamento dos quadros de agressão, violência e negligência em relação à criança e ao adolescente.
O glossário consta de termos técnicos freqüentemente utilizadas na Psicologia e na Psiquiatria para descrever e explicar: 1) comportamentos, patologias e particularidades psíquicas da criança, do adolescente e dos perpetradores de atos criminosos contra o menor; 2) os fatores psicossociais e sócio - familiares que têm forte influência sobre os comportamentos destas pessoas.
Estamos privilegiando, aqui, uma linguagem clara, objetiva e usual para que o entendimento dos conceitos seja abarcado pelo maior número de pessoas possível.
Este glossário é dinâmico, ampliado e atualizado constantemente. Pois as ciências do psiquismo e do comportamento estão em constante transformação e crescimento. Os sistemas sociais humanos, o ambiente e as pessoas não são estáveis e definitivas, e as teorias psicológicas, em função da pragmática psicoterapêutica e da pesquisa, atualizam-se e acompanham todo este processo.
Termos Técnicos:
Abuso:
Considera-se abuso contra a criança a privação de alimentos, abrigo, vestimentas e amor parental, humilhações psicológicas, bem como incidentes em que as crianças são maltratadas fisicamente por espancamento, aprisionamento ou agressão sexual.
Abuso sexual:
Dentro da psicologia, o abuso sexual é caracterizado pelo não consentimento da criança na relação com o adulto. Este tipo de abuso ocorre com coerção ou com jogos de sedução afetiva perpetrados pelos adultos. As formas mais comuns de agressão sexual contra crianças relatadas por especialistas que trabalham com a psicoterapia nos casos de abuso são: as "carícias", o contato com a genitália, a masturbação e a relação sexual vaginal, anal ou oral.
Abuso sexual intrafamiliar:
Utiliza-se esta expressão para caracterizar o abuso sexual infantil que ocorre dentro do sistema familiar da criança. O agressor pode ser o pai, um irmão, um primo, ou seja: pessoas com relação de consangüinidade com a criança. Mas também é agressor intrafamiliar um padrasto, um novo namorado da mãe da criança (que a criança conheça), um amigo muito íntimo da família, enfim: todos aqueles que mesmo sem nenhum grau de parentesco têm um certo convívio com a criança a ponto de travar com ela laços afetivos
O abuso sexual intrafamiliar também pode ser chamado de relação de incesto.
Abuso sexual extrafamiliar:
É o abuso perpetrado por desconhecidos ou por pessoas com uma relação pouco intensa com a família da vítima.
Afeto:
Emoção que se exprime e que se observa de imediato. Um sentimento transforma-se em um afeto quando pode-se observar pela conduta. Distingue-se do humor que, por sua vez, refere-se à uma emoção disseminada (exemplos:euforia, cólera e tristeza). O afeto está para o humor, assim como o tempo está para o clima. O afeto pode ser amplo, retraído (empobrecido), embotado ou apagado. A expressão dos afetos implica em expressão facial, gestos, timbre de voz, etc. Na retração, o afeto caracteriza-se por uma redução da capacidade de expressão.
Um afeto é inadequado quando está em evidente desacordo como conteúdo do discurso ou do pensamento. Por exemplo, quando uma pessoa ri ao falar de uma tragédia.
O afeto é lábil quando oscila repentinamente. A pessoa é afável em um momento e agressiva em outro, por exemplo.
Agitação Psicomotora:
Atividade motora excessiva associada à tensão emocional, geralmente é improdutiva e repetitiva. Em alguns casos, são acompanhadas de gritos e lamentos. Exemplo: incapacidade para permanecer sentado, compulsão a retorcer mãos e roupas, etc. Os estados de agitação psicomotora são comuns em crianças e adolescentes portadores de distúrbio neurológico ou submetidas a situação de estresse onde se sentem pressionados e solicitados além da sua capacidade de resposta. A agitação psicomotora é um forte indício de alteração emocional, e se constitui, quase sempre, em comportamentos dirigentes à padronização da comunidade.
Alteração do comportamento :
Entende-se "alteração" como uma modificação acentuada de determinadas manifestações comportamentais, modificações estas, acima da faixa considerada normal na grande maioria das pessoas. Na alteração comportamental não estão implicados déficits cognitivos, distúrbios orgânicos ou mentais. O que acontece é que a pessoa passa a ter alguma dificuldade em lidar com os fatos de seu ambiente psicossocial ( como múltiplos abandonos, tensão parental, disfunções sexuais, queda financeira) e, como mecanismo de defesa, faz investidas em atos violentos e anti-sociais ou, ao contrário, se contrai emocionalmente, podendo chegar ao isolamento e à depressão. Nos casos de alterações comportamentais, a psicoterapia tem sido muito eficiente.
Alucinação :
Percepção sensorial sem estímulo do orgão sensorial correspondente. Uma alienação. A pessoa com alucinação tem o senso imediato de que a sua percepção é verdadeira; em alguns casos, a alucinação provém de dentro do corpo. Algumas vezes, a pessoa com alucinação consegue ter o entendimento de que está com uma alteração de registro sensorial . Outras vezes, a intensidade do delírio concede ao indivíduo o peso de que o que percebe é a verdade absoluta. Em um sentido mais restrito, as alucinação indicam um distúrbio psicótico quando associadas a deficiência de prova da realidade.
O termo "alucinação" não se aplica a falsas percepções que ocorrem durante o sonho. Alucinações manifestas em ritos religiosos não têm necessariamente significado patológico. Alucinações transitórias são freqüentes em indivíduo sem distúrbio mental quando submetido à privação física ou psíquica.
Classificação das alucinações :
Alucinação auditiva - sonora: vozes, estalidos, etc.
- Alucinação de humor congruente e incongruente - idéias delirantes ou alucinações que podem ser concordantes com o humor do sujeito ou antagônico ao mesmo.
- Alucinações gustativas - são distorções de percepção do paladar.
- Alucinações olfativas - cheiros persistentes.
- Alucinações somáticas - percepções relacionadas ao interior do corpo, por exemplo, dores, pressões, calores. Distingue-se da preocupação hipocondríaca na medida em que se verifica na alucinação somática uma interpretação delirante de uma doença física. Por exemplo: Minha cabeça está cheia de algodão, há bichos no intestinos, etc.
- Alucinação tátil - ( ou cinestésica ) - relativa à sensações de contato, sobre ou sob a pele. Ex.: formigação , ou seja, algo rasteja ou se arrasta sobre a pele. Observa-se com freqüência em síndromes de abstinência ao álcool ou à cocaína. A alucinação tátil dolorosa distingue-se da dor psicogênica, na qual não existe interpretação delirante.
Análise funcional do comportamento:
É uma análise rigorosa da forma como os indivíduos atuam em seu ambiente, identificando os estímulos que provocam o aparecimento do comportamento-alvo e as conseqüências que o mantém.
Na análise funcional do comportamento defende-se o planejamento das condições ambientais para propiciar a aprendizagem de novos repertórios comportamentais.
Ansiedade:
Apreensão, tensão, mal-estar causado por antecipação de perigo interno ou externo. A ansiedade é filha do medo. Antecipação de perigo real ou imaginário. Inclui tensão motora, hiperatividade do S.N.A.(Sistema Nervoso Autônomo), expectativa apreensiva, vigilância e até fantasias persecutórias. A ansiedade em um grau patológico compromete a percepção da realidade e desencadeia conflitos a nível de relacionamentos interpessoais, principalmente os familiares.
A ansiedade pode ser fóbica ( ligada à uma situação ou objeto. Insetos, por exemplo, ou flutuante livre ( desligada de um objeto ou situação específica). Pode ser situacional breve, acompanhar-se de ataques de pânico ( que têm sintomas físicos como palpitação ou dispnéia). Quando a ansiedade está ligada a sintomas ou sinais físicos ou causa medo de doença, denomina-se hipocondria.
Análise funcional do Comportamento:
É uma análise rigorosa da forma como os indivíduos atuam em seu ambiente, identificando os estímulos que provocam o aparecimento do comportamento-alvo e as conseqüências que o mantém.
Na análise funcional do comportamento defende-se o planejamento das condições ambientais para propiciar a aprendizagem de novos repertórios comportamentais.
Aprendizagem:
Aprendizagem é o processo através do qual a pessoa se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, ou seja: daquilo que seu grupo social conhece.
Comportamento divergente ou desviante :
Procedimento ou o conjunto de atitudes e/ou reações do sujeito em face ao seu meio social, que evidência uma discordância, desacordo, discrepância ou dissensão. Ou ainda, pode ser um desvio de conduta, afastamento, evitação. Afastamento progressivo da conduta socialmente aceita.
Um comportamento divergente ou desviante na criança ou no adolescente evidencia uma reação de ajustamento psicológico ao contexto sócio-cultural. Característica dos mamíferos ,em geral, e do humano, em particular, uma reação de ajustamento é uma medida de sobrevivência. Uma reação de ajustamento pode desencadear um distúrbio situacional, de caráter transitório, todavia com riscos de seqüelas a depender das conclusões adequadas à cada caso. O diagnóstico dos elementos bio-psico-sociais está relacionados a gênese do distúrbio. O procedimento terapêutico é a reorganização do contexto ambiental, objetivando um bom prognóstico.
Compulsão (do latim compulsiene):
Ato de compelir. Tendência à repetição, como nos rituais obsessivos.
Delírio :
O delírio é uma falsa crença baseada na percepção distorcida que a pessoa faz da realidade. Pode se tratar de uma leve crença incongruente com os fatos reais ou até mesmo chegar a algo absurdo totalmente implausível. A psiquiatria classifica o delírio como uma perturbação específica do conteúdo do pensamento. A seguir, alguns tipos de delírios:
- delírio bizarro: o conteúdo é sempre absurdo e freqüentemente ligado à eletricidade e à eletrônica (exemplo: "eu sou um robô porque seres de outro mundo implantaram eletrodos no meu cérebro"; "implantaram cápsulas eletrônicas de 'X-28' em mim"); típico dos casos de psicose.
- delírio de perseguição: o conteúdo relaciona-se idéias de perseguição ou a pessoa crê que está sendo molestada e enganada (exemplo: "meu vizinho vive fazendo macumbas contra mim").
- delírio niilista: falso sentimento de que o mundo, as outras pessoas ou a própria pessoa não existem.
- delírio de grandeza: é a concepção exagerada da própria importância.
- delírio somático: falsa crença a respeito do próprio corpo, como por exemplo achar que arrancaram seu cérebro ou que seus órgão internos estão apodrecendo.
- delírio de controle: falso sentimento que o sujeito tem de que está sendo controlado por outros ou pela televisão, rádio. (exemplo: "quando assisto o Cid Moreira na televisão, sinto que meus lábios são forçados a acompanhar a fala dele, penso que falo por ele".)
Depressão (do lat. depressione):
Abaixamento do nível de energia psíquica causado por pressão ambiental, doença ou lesão. Caracteriza-se por adinamia, desânimo, sensação de cansaço., abatimento moral ou físico, perda de interesse, prazer, energia reduzida levando à fadiga, distraibilidade. Cansaço marcante após atividades comuns.
Sintomas comuns:
- Concentração e atenção reduzidas.
- Auto estima e autoconfiança reduzidas
- Idéias de culpa e inutilidade
- Razões desoladas e pessimistas do futuro
- Idéias ou atos autolesivos, suicídio
- Sono perturbado
- Apetite diminuído
A depressão é um distúrbio ou transtorno mental que pode ter gradações de tempo e de intensidade. A diferenciação entre episódios depressivos leves, moderados ou graves baseia-se em um julgamento clínico que envolve o número, tipo e gravidade dos sintomas.
A extensão das atividades sociais e laborais habituais serve de guia para avaliar o grau da gravidade do episódio, considerado-se as influências individuais, sociais e o desempenho social.
Outros sintomas típicos são:
- Humor deprimido
- Perda de interesse e prazer
- Fatigabilidade aumentada.
Uma pessoa em episódio depressivo fica angustiada pelos sintomas e encontra dificuldades nas atividades mais corriqueiras, tais como hábitos de higiene. Pode apresentar quadro de agitação ou apatia profunda. Demonstra sentimentos de importância inadequada, desenvolve perda considerável de auto-estima. É um distúrbio somatoforme grave podendo levar ao óbito por suicídio ou falência do organismo.
Ego:
Princípio da realidade. Segundo a Psicanálise, no processo de satisfação do libido (pulsão do ID), o organismo biológico se confronta com o Real, neste momento constitui-se o EGO, Princípio da Realidade começa a se formar quando o bebê passa a se reconhecer como sujeito (fase do espelho) e não mais como uma extensão do corpo da mãe, passando à controlar corretamente e decidindo quais instintos podem ser satisfeitos ( controle das esfíncteres, repertório social, por exemplo) e de que forma. O ID se orienta pelo princípio do prazer/desprazer, O Ego pelo Real.
Elação ( do lat.elatiene):
Elevação, altivez, o oposto de depressão. Prazer, energia, interesse, impulso realizador e/ou criativo.
Estressores psicossociais :
Todos nós estamos sujeitos a eventos estressantes: tensões nos relacionamentos, o trânsito da cidade, cobranças profissionais, etc. Quando falamos em estressores psicossociais, estamos nos referindo a eventos específicos, ou seja: valores ou circunstâncias do ambiente em que o indivíduo está inserido capazes de perturbar seu comportamento normal ou exacerbar um transtorno psíquico. Os estressores psicossociais atingem pessoas de qualquer idade e, quanto maior a sua gravidade, piores são as conseqüências. Os principais estressores psicossociais que podem influenciar o surgimento de uma perturbação comportamental em crianças e adolescentes vão desde uma mudança de escola, discussões em família e divórcio dos pais até morte dos pais, gravidez indesejada na adolescência, abuso sexual ou doenças crônicas capazes de levar a criança ou o adolescente à morte.
Hebefilia :
Este termo tem sido usados por psicoterapeutas, psiquiatras e estudiosos das questões do abuso sexual infantil. Eles perceberam que alguns infratores, em seus atos de abuso, principalmente em atos incestuosos, têm preferências por meninas púberes. A puberdade ocorre, na atualidade, entre nove e treze anos. Estes especialistas notaram que a escolha da menina púbere está relacionada às fantasias do agressor sobre o corpo em transformação.
Então há a seguinte distinção:
- pedofilia (parafilia que resulta em desejo sexual recorrente por crianças até nove anos)
- hebefilia (parafilia que resulta em desejo sexual por adolescentes púberes entre nove e treze anos).
Hipercinese :
Entende-se por hipercinese uma atividade motora excessiva e agressiva que está, geralmente, ligada a alguma patologia ou organicidade.
Homofobia:
Esta expressão significa medo do homossexualismo. O medo do homossexualismo empurra as pessoas em direção ao sexo oposto com objetivos de reprodução e de garantir ao sujeito sua identidade heterossexual. A homofobia é típica de pessoas que, consciente ou inconscientemente, ainda têm muitas dúvidas e angústias sobre sua identidade sexual. Como mecanismo de defesa de sua insegurança, estas pessoas costumam ridicularizar e agredir os homossexuais. Casos muitos graves de homofobia levam o sujeito a fazer investidas como o assassinato de homossexuais.
Homossexualismo:
É uma forma de comportamento sexual , cuja escolha do parceiro recai sobre alguém do mesmo sexo. O homossexualismo não e' desordem psiquiátrica e não deve ser mencionada como desordem mental.
ID:
Termo psicanalítico que designa a fonte de energia psíquica, em sua forma mais primitiva, apresentando-se sob a forma dos instintos ou pulsões, que são essencialmente de natureza biológica. O ID seria o Instinto ou pulsão de vida, ligado à sobrevivência do sujeito e da espécie (libido ou desejo). É no ID que se concentram nossos sentimentos, desejos e experiências reprimidas e recalcadas.
As idéias e os afetos contidos no ID não têm limite, são amorais e simbólicos.
Imagem corpórea:
A imagem corpórea é a imagem que elaboramos mentalmente de nosso corpo. A imagem corpórea é, durante o período evolutivo adolescência, um dos dados referenciais para a compreensão dos problemas do adolescente, vez que seu corpo assume novo significado. Todas as características do ajustamento pessoal e social são influenciados, dentre outros aspectos, pela configuração e pelo funcionamento do corpo, seja pela impressão que causa aos outros, seja pelo modo que o corpo é percebido pelo adolescente.
O modo como um garoto ou garota avalia seu corpo reflete os valores de quem os educa. Os meninos e meninas aceitos por suas famílias, habitualmente não subestimam nem superestimam seus corpos. Mas, quando as crianças e os adolescentes sentem que seus corpos não satisfazem as expectativas de quem os rodeia (por exemplo: ser muito baixinho ou alto demais, ter seios pequenos, deficiências físicas, etc), freqüentemente chegam a se automenosprezarem.
Ao contrário, famílias que imprimem alto valor ao corpo, à musculatura, à beleza física, normalmente, geram adolescentes intolerantes com qualquer desvio na configuração corpórea própria e dos outros.
Moral:
"Porque o ser humano é essencialmente relacional, todos as sociedades, todos os grupos, por menores que sejam, em absolutamente todos os momentos da história, estabelecem um corpo de normas para garantir a fluência das relações, tendo como princípio o bem-estar.
Do ponto de vista da Psicologia, moral pode ser entendida como a relação de direitos e deveres entre as pessoas de um grupo. Estar normas não estão escritas e são controladas pela própria convivência grupal.
Toda moral tem um vínculo com as afetividades, seja para coibi-las ou para valorizá-las. É difícil definir moralidade sem englobar a questão do bem-estar. Pois, nenhum conjunto de regras morais promete a infelicidade. Os seres humanos têm a perspectiva do bem estar. A moralidade implica, portanto, no próprio bem-estar, levando em conta o bem-estar dos outros.
A construção do pensamento moral e sua legitimação é uma processo complexo para o ser humano, que começa nas primeiras interrelações da infância e são modelados e reavaliados a todo instante pelo próprio sujeito. Tanto a construção quanto a legitimação do pensamento moral abrangem, necessariamente, a afetividade, a interação social e a capacidade cognitiva da pessoa. A moralidade no homem não é predeterminada, nem definida. Como qualquer percepção humana do outro e de si mesmo, a moralidade é dinâmica, temporalizada e espacializada.
As regras morais se relacionam com as leis sociais também via economia. Na nossa sociedade, dependemos freqüentemente de pessoas que não conhecemos. Portanto, somos obrigados a nos relacionar bem com os desconhecidos. Se isto é necessário, o critério de honestidade, por exemplo, se torna extremamente importante. Quando o conceito moral de honestidade é declinante, a sociedade se torna violenta, sem escrúpulos para lesar o outro".1
Parafilia:
Vide PERVERSÃO.
Pedofilia :
A pedofilia é um tipo de parafilia em que há constância de fantasias e desejos sexuais específicos com crianças. A grande maioria dos pedófilos são homens.
A escolha da criança como objeto sexual do pedófilo não é predeterminada, mas sim depende de uma gama de variáveis. Esta escolha é inconsciente e relaciona-se inteiramente com a história de vida do agressor: seus traumas e fantasias infantis. Alguns agressores passaram por privações sociais e parentais na infância e alguns, inclusive, sofreram abusos sexuais quando pequenos.
No caso de investidas sexuais de adolescentes, há que se observar, pelo menos, cinco anos de diferença de idade em relação à criança vitimada. Para a Psiquiatria e para a Psicologia, não se inclui, de modo definitivo, como relação de pedofilia, adolescentes de dezesseis anos envolvidos em ato sexual com alguém de doze ou treze anos. Nestes casos, é imprescindível uma avaliação mais sutil da relação entre os adolescentes, pois não fica necessariamente caracterizado um transtorno psicossexual do adolescente mais velho. Vide PERVERSÃO.
Perversão :
A perversão sexual é uma estrutura psicopatológica caracterizada pelos desvios de objeto e finalidade sexuais. A pessoa portadora de perversão sente-se atraída por aquilo que é pessoalmente ou socialmente proibido e inaceitável.
Foi Freud quem primeiro tentou desenvolver uma compreensão da etiologia das perversões, em 1905, opondo-se a opinião popular acerca da sexualidade em três pontos básicos: a época do surgimento da pulsão sexual; a natureza necessariamente heterossexual do objeto; a limitação do objeto sexual à cópula. Para Freud, o objeto sexual é aquilo de que procede a atração sexual, pode ser uma pessoa ou uma coisa; finalidade sexual é o ato ao qual tende a pulsão, que descarrega a tensão, obtendo prazer. Dentre as mais conhecidas perversões estão: a pedofilia (atração por crianças); a bestialidade ou a zoofilia ( atração por animais); a sodomia ( uso do orifício anal com finalidades sexuais); o sadismo (prazer obtido ao infligir dor ao parceiro) e o masoquismo (prazer em sofrer); o fetichismo (atração por parte específica do corpo do parceiro ou por algo que o represente).
Algumas formas de perversão como o fetichismo (atração partes do corpo do parceiro, peças do vestuário dele, perfumes, etc), o voyerismo (prazer em observar o ato sexual sendo praticado) e o exibicionismo (prazer em exibir o corpo desnudo, especialmente os genitais), são componentes naturais de excitação erótica na vida cotidiana dos casais em geral, tendo importante função no momento antecedente ao ato sexual. Por este motivo, a Psiquiatria retirou o termo "perversão", que já tem um peso pejorativo no senso comum, e colocou em seu lugar o termo "parafilia" para caracterizar a patologia (para desvio; filia aquilo para que a pessoa é atraída). Dessa forma fica amenizado o estigma que a palavra perversão coloca sobre a sexualidade humana normal.
O que caracteriza a patologia é a fixação nas escolhas distorcidas de objeto e finalidade sexual. As fantasias são especializadas, de natureza repetitiva e que angustiam a pessoa de modo que ela fica compelida ao ato parafílico.
Psicogênico :
Eventos da vida, dificuldades e/ou doenças, ou ainda desvios de comportamento que tem sua origem ou gênero em questões psicológicas pessoais e questões sócio-familiares.
Psicossomático :
Transtorno somatoforme ou lesão proveniente de transtorno no aparelho psíquico; comprometimento, incapacidade e prejuízo. Perda ou anormalidade de estrutura ou função; transtorno de personalidade e de comportamento decorrente de doenças, lesão ou disfunção cerebral.
Uma doença, lesão ou disfunção cerebral podem produzir uma variedade de transtornos cognitivos, emocionais, de personalidade e de comportamento, portanto é justificável o procedimento psicodiagnóstico para alterações de comportamentos divergentes ou desviantes.
Rituais Obsessivo-compulsivos:
Pensamentos obsessivos ou atos compulsivos recorrentes. Idéias, imagens e impulsos que se repetem na mente do indivíduo de forma estereotipada., quase sempre angustiantes. São reconhecidos como pensamentos do próprio indivíduo, ainda que involuntários e freqüentes Os distúrbios obsessivo-compulsivos são, segundo a teoria Psicanalítica, relacionados a incidentes ou conduta parental inadequada e/ou rigorosa na fase anal, onde se dá o treinamento para o controle dos esfíncteres, através de um sistema de reforçamento técnico composto de recompensas e punições.
O transtorno obsessivo-compulsivo é igualmente comum em homens e mulheres, adultos, adolescentes e em crianças à partir dos 5 anos (idade aproximada ).
A maioria dos atos compulsivos diz respeito à limpeza (lavagem de mãos), verificação repetida de procedimentos, organização. São procedimentos compensatórios. Subjacente ao comportamento manifesto, está o medo do perigo e o ato ritual é uma tentativa simbólica de afastar o perigo.
Sexualidade :
Este é um termo complexo que denota os seguintes aspectos de modo interativo: a) a escolha do parceiro sexual quanto ao seu sexo; b) a identificação psicológica da pessoa com o sexo feminino ou masculino, independente de seu sexo biológico; c) modo de atividade utilizado para obter satisfação sexual.
Segundo Laplanche e Pontalis2, o termo sexualidade não designa apenas atividades e o prazer que dependem do funcionamento genital, mas toda uma série de excitações e atividades presentes desde a infância, cujo prazer é irredutível à satisfação de uma necessidade fisiológica básica. O que é sexual é da ordem do desejo, da libido.
"A questão da sexualidade começa na infância. Ao alimentar o bebê, a mãe (ou a substituta) não está apenas saciando a fome, mas há, aí, uma experiência de PRAZER: prazer da mãe que alimente, o contato corporal, a mãe que conversa e acaricia seu bebê, criando, assim, um gozo na fusão e completude entre mãe e filho. Nesta fase da vida, é impossível para o bebê distinguir a satisfação do saciamento da fome da satisfação sexual, elas coexistem.
Podemos pensar a sexualidade como instâncias de satisfações físicas somadas às experiências psíquicas" .3
Super Ego :
Sistema de forças restritivas e inibidoras dos impulsos básicos tais como: sexo, agressividade, fome etc. Ele é construído junto com as experiências de socialização da criança. Pois ela, ao exprimir instintos básicos, o sujeito corre o risco de se opor aos valores de sua comunidade. A medida que estes valores sociais são apresentados à criança, através de um sistema de reforçamento básico de recompensas e punições para as suas ações, ela constrói a idéia do que é ou não permitido. Fortalecendo-se com o tempo, o superego, devidamente estabelecido, torna-se uma "consciência moral" e o controle automático e inconsciente dos impulsos do ID.
O termo "superego" é psicanalítico.
Transgressão ( do lat. Transgressione) :
Ato ou efeito de transgredir, infração, violação.
Transgredir:
Passar além de, atravessar, infração desobedecer, deixar de cumprir, infringir, violar, postergar. Na estruturação da Personalidade, o estabelecimento do Super Ego dota o sujeito de uma "consciência moral", onde os códigos de conduta da comunidade são "implantados", habilitando-o gradativamente a discernir a ação de transgredir à normatização do seu meio.
Transtorno do comportamento:
Quadro complexo e interrelacionado de problemas orgânico-neurológicos e do desenvolvimento psicológico, que podem ser agravados ou amenizados pelo contingente sócio-familiar, e cujo tratamento psicológico é de extrema dificuldade, exigindo interação medicamentosa em uma grande maioria de casos. O DSM (Diagnostical and Statistical Manual of Disorders) categoriza um grande número de transtornos, dentre eles: transtorno de personalidade, transtorno psicossexual, transtorno de ansiedade, transtorno de conduta, transtornos psicóticos, etc.
Elaboração:
Tânia Costa DuPlatt, psicóloga
Luciana Stagliorio, psicóloga
Bibliografia consultada:
DSM - III - R. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders.
GAUDERER, Christian. Sexo e Sexualidade da Criança e do Adolescente. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1995.
FREUD, Sigmund. Obras Psicológicas Completas. Vol. II (1901-1905) Rio de Janeiro: Imago.
KAPLAN, Harold & SADOCK, Benjamin. Compêndio de Psiquiatria e Ciências do Comportamento. Porto Alegre: Artes Médicas. 6a. Edição.
STAGLIORIO, Luciana. A Infância da Moral, segundo a teoria psicogenética. (Estudo teórico, UFBA, 1994).
STAGLIORIO, Luciana. O Complexo de Édipo e a Sexualidade Feminina. (Estudo teórico, UFBA, 1995).
Notas:1. STAGLIORIO, Luciana. A Infância da Moral, segundo a teoria psicogenética. (estudo teórico) UFBA, 1994.
2. LAPLANCHE e PONTALIS. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
3. STAGLIORIO, Luciana. O Complexo de Édipo e a Sexualidade Feminina. UFBA, 1995