CF 98 convoca as Comunidades a discutirem tema da Educação


O ano mal começou e a Igreja lança às Comunidades o desafio maior de 1998, a Campanha da Fraternidade, que tem por tema a Educação. Desde 1963, este tipo de convocação vem dando a grupos, pastorais e Comunidades de todo o Brasil estímulos particulares. Este ano, "partindo de situações concretas da vida, sob o ângulo da Educação, educação em sentido amplo, a Campanha da Fraternidade quer evangelizar, em vista da vida fraterna e da transformação social", diz a CNBB ao propor a Campanha.

O enfoque, portanto, não é de crítica aos governos municipais ou estaduais, que pouco ou nada fazem para promover a educação no país, mas evangelizador. Isso faz da Campanha antes de mais nada uma iniciativa importante do projeto de evangelização Rumo ao Novo Milênio. Assumindo a Campanha, as Comunidades deverão crescer em consciência evangélica e em dinamismo missionário.

Os subsídios que a CNBB oferece às Comunidades são muitos. Destinam-se a todos os grupos que queiram assumir um ou outro aspecto da Campanha. Há material para a catequese, os grupos de liturgia, os grupos de jovens, os encontros em família. É material rico, que estimula a criatividade e provoca a participação.

O enfoque da Campanha está no Texto-base. A apresentação segue o método clássico do ver, julgar e agir. Dados da realidade se cruzam com elementos bíblicos e doutrinários, para despertar formas concretas de intervir.

O texto-base começa mostrando como se situa a Educação no Brasil. Primeiro, a educação formal, ou escolar, para depois analisar também outros aspectos importantes na formação do povo.

Pelos dados estatísticos do próprio MEC, "O Brasil, entre os países vizinhos mais próximos, ocupa um lugar inferior ao Paraguai, Uruguai, Venezuela, Colômbia e Argentina, e é semelhante ao Peru". Estão fora da escola quase 3 milhões de crianças entre 7 e 17 anos.

Outros dados: as crianças brasileiras passam cerca de 5 anos na escola e levam mais de 11 anos para completar as 8 séries de escolaridade obrigatória. Muito alta é a repetência.

Grave é também o problema do analfabetismo de jovens e adultos. Embora os índices venham caindo por causa do desenvolvimento tecnológico de todo o planeta, que traz novas informações a um número cada vez maior de pessoas, ainda fala-se de aproximadamente 32 milhões de analfabetos no Brasil. Por coincidência, são o mesmo número levantado pelo Mapa da Fome, alguns anos atrás. Fome e analfabetismo sempre andaram juntos.

Na análise da Educação não formal, o Texto-base aponta para as mudanças que ocorrem na sociedade e para os valores que elas põem em cheque. "As pessoas estão percebendo que somos parte do planeta Terra e que é preciso respeitar o ciclo, os ritmos e as exigências da natureza. Durante milênios tratamos a terra como escrava e ela já oferece sinais de cansaço e de esgotamento", diz o Texto-base, indicando um dos inúmeros campos que exigem respostas adequadas a nível de Educação.

É preciso privilegiar "o aprender a ser, o aprender a aprender, o ter acesso ao saber acumulado sabendo o que fazer com ele, o aprender a conviver em solidariedade", diz o Texto-base, que mostra os diferentes campos nos quais seria necessário intervir com novas práticas e novas atitudes. Ao referir-se à vida na cidade, por exemplo, o texto chega a dizer que "no mundo moderno fazem parte da caridade boas relações de vizinhança, cuidados com a possível escassez de água, energia, etc., preservação dos equipamentos de uso comum (telefone público, sinais de trânsito, brinquedos da praça...), cuidados com o lixo, respeito às regras de trânsito...". É a Campanha, tratando um tema complexo e ao mesmo tempo mostrando que nele há algo que compete à Comunidade. Tudo está resumido no próprio lema da CF: A serviço da vida e da esperança!




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