Após um ano há pouco para se comemorar


Quando, em maio do ano passado, Laurent Kabila entrou em Kinshasa, capital do Zaire, liderando uma tropa de revolucionários, as atenções do mundo se voltaram para aquela imensa região do continente africano onde um homem, Mobutu, com o apoio e a conivência das grandes potências mundiais, havia saqueado o país e tiranizado o povo durante mais de 30 anos. Acreditava-se que fosse o fim de uma era de tirania e impunidade.

Hoje, à distância de um ano, mesmo que com um novo nome, percebe-se que no país não há muito para se comemorar. Não só as mudanças esperadas não aconteceram, como Kabila revelou todo o seu lado perverso de um ditador também ele duro e inescrupuloso.

Os bispos já se manifestaram contra o atual regime. Disseram que este governo está longe de satisfazer as principais necessidades e aspirações da população. Em janeiro tentaram um encontro mais direto com o presidente. Queriam manifestar suas perplexidades e levar com clareza suas reivindicações. De acordo com a agência missionária Fides, durante o encontro de uma hora com Kabila, os bispos nem sequer conseguiram falar. Kabila foi duro e taxativo: o papel da Igreja e dos sacerdotes é ficar nas sacristias e cuidar do religioso. Política no país é ele e seu governo quem faz.

Anistia Internacional o acusa de tolerar constantes violações dos direitos humanos. Dois sacerdotes foram recentemente assassinados. Outro vem recebendo ameaças por parte das tropas militares e tem que viver na clandestinidade.

— Tudo faz acreditar que mudaram os donos, mas não os métodos e nem os procedimentos - denuncia a jornalista Betty Wright. Ela faz uma leitura dos últimos acontecimentos e procura entender o que hoje o Congo vive. Diz:

— Hoje é até pior do que antes porque faltam a Kabila a inteligência e a astúcia do velho ditador e o "pudor" na hora de encobrir o roubo, a impunidade e a violação de todos os direitos. Não há mais lei, não há mais opinião nem mais justiça além das do presidente Kabila.




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