CEHILA
Comissão de Estudos de História
da Igreja na América Latina e no Caribe



Por ocasião da II Conferência Geral de História da Igreja na América Latina e no Caribe História da Igreja (São Paulo, PUC, 25 a 28 de julho de 1995), consagrada a um balanço crítico dos últimos cinqüenta anos, (1945-1995), a CEHILA (Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina e no Caribe), tem a alegria de apresentar, por primeira vez, em português, mas já em sua quarta edição[1], seu CATÁLOGO GERAL DE PUBLICAÇÕES.

A impressão do Catálogo chega às mãos dos participantes da II Conferência e das demais pessoas interessadas na CEHILA e em suas publicações, por uma extrema fineza da EDITORA VOZES, pioneira na publicação das obras da CEHILA e a cujo apoio devemos também os cartazes e folhetos da II Conferência. Depois de duas décadas de trabalho voluntário, mas nem por isso, menos intenso e diuturno, a CEHILA está concluindo seu primeiro grande projeto: o de escrever, em onze tomos, uma História Geral da Igreja na América Latina e no Caribe. Ao longo do caminho, outras tarefas foram se agregando, respondendo às necessidades de investigação de novos campos na historiografia, à exploração de fontes e documentos inéditos, mas sobretudo à demanda pastoral das igrejas e da prática dos movimentos populares. Entre obras alentadas de cunho mais científico e livros menores, em linguagem popular, a CEHILA, apresenta em seu Catálogo, uma centena de publicações, que mais que dobrariam, se fossem incluídos os artigos distribuídos por revistas de todo o continente. Estas obras encontram-se, em sua grande maioria, em português e castelhano, mas também em inglês, francês e italiano, publicadas por vinte e cinco diferentes editoras em quatorze países da América do Sul, do Centro e do Norte, além do Caribe, da Europa e da Ásia.

A semente, segundo Enrique Dussel, fundador e presidente da CEHILA por vinte anos, brotou de um movimento de renovação do cristianismo latino-americano e de uma intuição comum a Charles de Foucauld, a João XXII, Dom Helder Câmara, Mons. Leonidas Proaño, Mons. Sérgio Mendes Arceo e tantos outros e que tocou igualmente a Enrique Dussel: a de que os pobres interpelam a Igreja e são os preferidos de Deus, cujo projeto é sempre de vida e libertação para os mesmos. Assim descreve Dussel seu momento de graça: "Em 1959, o primeiro presidente da CEHILA, discutindo sobre a história latino-americana em Nazaré, Israel, compreendeu à luz de Isaias 61,1: "Consagrou-me para evangelizar os pobres", a necessidade de escrever esta história, a partir do ponto de vista dos pobres e dos oprimidos, uma história "ao avesso", uma história de baixo para cima. No livro Hipotesis para una história de la Iglesia en América Latina, (Estela, Barcelona, 1967), E. Dussel propunha já este projeto que foi acolhido, em primeiro lugar, pelo IEPAL de Montevidéu. Mas foi somente em 1972 que o Instituto de Pastoral (IPLA), do Conselho Episcopal latino-americano (CELAM), promoveu definitivamente a organização da Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina (CEHILA). Em 1973, a CEHILA torna-se uma instituição de direito civil, cientificamente autônoma e independente e que trabalha em estreita colaboração com outras instituições acadêmicas e de investigação e com as igrejas, católica e protestantes na América Latina e no Caribe.

Sua finalidade principal é promover o estudo da História da Igreja na América Latina e no Caribe, na ótica dos pobres e de sua libertação, num compromisso ecumênico e numa perspectiva latino-americana e popular, por meio de obras de conjunto, em diferentes níveis e para diferentes públicos: o acadêmico-científico, o pastoral, o popular. Para tanto, vem sendo utlizados diferentes meios de expressão: livros, folhetos, boletins, material audiovisual, cursos e conferências. A CEHILA, ao lado dos seus investigadores, vem formando também pessoas capazes de lecionar História da Igreja, com sentido crítico, científico e pastoral.

Com essa finalidade, foram organizados cursos longos de formação (quatro meses), além de dezenas de cursos breves, de um mês ou menos, em muitos lugares do continente. Desde 1991, a CEHILA, em parceria com a Faculdade de Teologia N. S. da Assunção de São Paulo, iniciou um curso de pós-graduação em História da Evangelização da América Latina e do Caribe. Destes e dos outros projetos e trabalhos da CEHILA, é dada uma notícia sucinta nas páginas que se seguem.

Congregando cerca de uma centena de historiadores de todo o continente, a CEHILA está organizada em torno a oito áreas (México, Caribe, América Central, Colômbia-Venezuela, Andino-Incaica, Cone-sul, Brasil e Hispânicos nos Estados Unidos) e de alguns projetos (História Geral, História Mínima, Versão Popular, História da Teologia, Arquivos, Centro de Formação, Pós-graduação em História da Igreja L. A. e História do Cristianismo).

A CEHILA realiza, anualmente, uma Assembléia com a presença da Junta Diretiva, dos Coordenadores de áreas e de projetos. Ali, se discutem os trabalhos em curso e os novos projetos, exercitam-se a crítica e o enriquecimento mútuos e são aprofundados temas de fundo e as questões emergentes. O instrumento principal, para este intercâmbio de aprofundamento, têm sido os Simpósios que acontecem logo após cada assembléia. Foram realizados, até agora, vinte e um simpósios, o últimos dos quais em Lima, Peru (1994), uma I Conferência Geral, no México, (1984) e uma II Conferência Geral, em São Paulo (1995).

Para avançar seu projeto e conservar rumo e direção, a CEHILA emprestou desde o início, especial atenção à discussão metodológica, ao estabelecimento de uma periodização tanto quanto possível comum e de critérios a partir dos quais organizar a investigação e a escrita da história. Os encontros de Quito (1973), Chiapas (1974), Santo Domingo (1975) dedicaram-se amplamente a esta temática e o de Assunção (1993) promoveu uma revisão crítica dos vinte anos da caminhada e da produção historiográfica da CEHILA. [2]

A CEHILA vem se esforçando por manter fidelidade à tríplice dimensão inspiradora do seu projeto: a da seriedade na aplicação do método, garantindo a qualidade científica da investigação; a do compromisso com os pobres e sua libertação, mantendo a articulação com os setores populares, sua linguagem, suas lutas e sonhos; a do serviço eclesial, vivido ecumenicamente e voltado para as comunidades de base e seus dirigentes e para as pastorais sociais das igrejas.

A CEHILA tem trabalhado sempre em equipe, agrupando em torno ao seu projeto especialistas de diferentes áreas e disciplinas do saber, fomentando o diálogo e a integração interdisciplinar.

A CEHILA é pois uma comissão formada por historiadores e peritos de ciências afins, juridicamente independente, academicamente livre, que produz uma história crítica e não apologética. Os compromissos que assume, os assume em seu próprio nome e num serviço à verdade e ao povo dos pobres, consciente de que só no diálogo, na aceitação da crítica e da correção interna e externa, poderá seguir nos seus trabalhos.

A CEHILA agradece profundamente a todos quantos, instituições e pessoas, vieram formando uma rede de apoio e colaboração aos seus trabalhos, tornando possível seus encontros e publicações. Agradecemos, de modo especial, as Editoras que estabeleceram conosco uma parceria estável e duradoura e às agências de cooperação que emprestaram apoio e solidariedade aos seus projetos. O mérito principal fica para o trabalho, muitas vezes anônimo e silencioso dos investigadores e daquelas e daquelas que asseguraram a coordenação e implementação dos projetos e dos serviços de secretaria e comunicação, ao longo destes anos.


Pe. José Oscar Beozzo
Presidente da CEHILA

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NOTAS _________________

(1) As três primeiras edições foram publicadas pela Editorial do DEI de San José da Costa Rica, em 1986, 1989 e 1993, respectivamente.

(2) Cfr. "Vinte Anos de Produção Historiográfica da CEHILA. Balanço Crítico", in Boletim-CEHILA, no 47-48, out. 1993 a março 1994, pp. 1-54




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