Dizem que, no Brasil, o ano só começa depois do Carnaval. A observação pode ser maldosa. Ou também não. Afinal, a vida não é só feita de trabalho, problemas e preocupações, coisas essas que sobram ao longo do ano inteiro, principalmente para os pobres.

Passado o Carnaval, porém, começa com certeza um período de máxima importância para os cristãos. É o tempo da Quaresma, que lembra conversão, mudança de vida, compromisso - inclusive no campo social e político.

Desde 1964, Quaresma lembra também Campanha da Fraternidade. O tema para este ano - A fraternidade e os encarcerados - carrega consigo um apelo muito forte à coragem e à ousadia do cristão.

E a Igreja mostra que não lhe falta essa coragem ao propor a todos, cristãos e não-cristãos, um Mergulho nos porões do Brasil. A opção pelos pobres avança pelos corredores e celas dos presídios do país, denunciando, apresentando propostas, convidando à ação.

SEM FRONTEIRAS vai em seguida ao sertão da Paraíba - em Flor teimosa - para celebrar, entre remanescentes de quilombos, a resistência do negro.

Desembarca em São Luís do Maranhão - em O trenzinho chega à ilha -, onde está sendo preparado o Nono Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base.

E, sempre no Nordeste, acompanha o migrante em direção à metrópole paulistana - em Nordestino alegra São Paulo -, na dor e no sofrimento, mas sem esquecer a viola, o pandeiro e o triângulo, o repente e o forró.

Em Escola da morte, a matéria sobre a Escola das Américas, a revista denuncia a arrogância e os crimes do Império do Norte - todos os impérios - contra os povos desta América Latina nossa.

Na Guatemala, o leitor descobre que Os deuses estão de volta: a religião maia renasce, após séculos de controle e perseguição. E, em seguida, esse mesmo leitor realiza conosco uma Viagem ao país do cacau, a Costa do Marfim, na África-mãe e irmã.

A primeira edição da revista neste Ano Novo de 1997 encerra-se com uma mensagem que vem da bíblia: O pão sofrido do trabalhador. Rezamos com o salmista, lembrando que é Deus quem constrói a casa. Ele é quem guarda a cidade. Vale para cada um de nós. Vale para o Brasil e o mundo.


  • Outras matérias:

    • Profecia pelo avesso
      Entrevista com Maria Emília G. Ferreira
      sobre a Campanha da Fraternidade 1997


  • Ano 1997

  • Ano 1996