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CONSERVAÇÃO, MANEJO E
PESQUISA DE TARTARUGAS MARINHAS


1. Áreas de Desova

No período da desova - de setembro a março, no litoral, e de janeiro a junho, nas ilhas oceânicas - as áreas de proteção e acompanhamento de desova são patrulhadas diariamente, de manhã bem cedo, para monitoramento dos ninhos. Utilizando técnicas de conservação e manejo internacionalmente aceitas, os técnicos marcam as nadadeiras anteriores, identificando o animal com um número individual e uma inscrição com o endereço do Tamar e a solicitação de que seja notificado quando e onde aquela tartaruga foi encontrada. Quando isso acontece, é possível estudar o comportamento da desova, as rotas migratórias, e fazer um controle da população. Sabe-se, também, quantas vezes uma fêmea adulta retorna à praia para desovar em um mesmo período reprodutivo, o intervalo dos retornos, local escolhido e o período entre uma estação de desova e a próxima. É feita, ainda, análise biométrica para cada espécie, medindo cumprimento e largura do casco.


Durante as rondas noturnas, os pescadores localizam os ninhos seguindo os rastros deixados na areia pelas tartarugas. Os que estiverem em locais de risco para a sobrevivência dos filhotes são transferidos para trechos mais protegidos ou para os cercados nas bases do Tamar, onde são reproduzidas as condições normais para incubação dos ovos, que aqui ficam protegidos de qualquer ação predatória, das enxurradas e das marés, possibilitando um manejo adequado.


Hoje, como resultado do trabalho de educação ambiental desenvolvido pelo Tamar junto às comunidades, a maioria dos ninhos não é mais violada, nem os ovos coletados para servir de alimento. Assim, já não precisam ser transferidos com a intensidade de antigamente. Ficam nos locais de origem, onde a equipe de pesquisadores do Tamar analisa as condições de incubação. Sabe-se, por exemplo, que o sexo das tartarugas não se define na fecundação, pois sua determinação sofre influência decisiva da temperatura da areia: temperaturas médias mais altas determinam o nascimento de fêmeas e mais baixas o de machos. Também por isso, o ideal é que se mantenha na praia o maior número possível de ninhos naturais.


Quando finalmente os filhotes saem à superfície, são contados, identificados e soltos para seguirem até o mar. Nesse caminho, novas ameaças, como a ação de animais predadores e a iluminação artificial. Os filhotes possuem fototropismo positivo. Ou seja: ao invés de seguirem em direção ao mar, guiados pela claridade do horizonte, são atraídos pela luz artificial e vão em direção à terra, morrendo atropelados, de insolação ou pela ação de predadores. A definição de prioridades e as metodologias empregadas respeitam as características regionais e as diferenças de realidade. Mas, de um modo geral, as atividades seguem um padrão, em todo o país. Em cada temporada de reprodução, aproximadamente oito mil ninhos são protegidos, possibilitando a liberação de cerca de 350 mil filhotes, das cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas no Brasil.


2. Áreas de Alimentação

Nas áreas de alimentação de juvenis e sub-adultos de tartarugas marinhas, os técnicos do TAMAR, com o auxílio de pescadores contratados, monitoram as redes de pesca e outras formas de armadilhas para peixes que possam existir nos locais (currais etc), para verificar a incidência de captura acidental de tartarugas. Uma vez encontradas, estas são identificadas, muitas vezes recuperadas através de desafogamento e ressuscitação cardio-pulmonar, e então medidas e marcadas a fim de que se possa estudar seu ciclo de vida, padrão de crescimento e rotas migratórias. Com a finalidade de conscientizar os pescadores quanto às formas de recuperação de tartarugas afogadas, o TAMAR também monitora as redes espalhando folders plásticos com desenhos explicativos e realiza palestras e trabalhos de educação ambiental.