Agora a violência atinge as crianças


Nos últimos dias, as notícias divulgadas pela mídia a respeito do massacre cometido por meninos de 11 a 13 anos em escola americana, assim como o assassinato da professora de Jacareí/SP, vem provocando amplo debate sobre o assunto, remetendo-nos a todo tempo à violência que se passa em nossas escolas.

Este tema, que sempre me preocupou enquanto educadora, deu origem à minha dissertação de Mestrado (IESAE-FGV-1993) intitulada A Trama da Violência na Escola.

Não há dúvida de que todo o cotidiano de violência que defrontamos na sociedade, desde o atentado contra o corpo físico até à permanente ameaça na garantia dos direitos da cidadania, se revela também dentro do espaço escolar. A violência na escola é a cara da violência que existe na sociedade. Se antes as crianças brincavam apenas de polícia e ladrão, hoje já brincam de seqüestro e extermínio. Se antes havia as famosas brigas na porta da escola, hoje já se mata de verdade.

Certamente há de se questionar sobre o que há de errado com uma sociedade que produz assassinos tão jovens e com tamanha crueldade. O que não se pode é dar uma resposta unilateral, fracionada ou reducionista, como se observa freqüentemente, colocando a culpa ora na TV, ora na "desestruturação" da família, ou apenas em componentes inatos ou psicológicos.

A violência que ocorre dentro ou fora da escola precisa ser analisada a partir de uma compreensão em rede, onde se considera uma cadeia ou rede de causas, de fatos, de pessoas, de relações, de contradições... Não se pode visualizar apenas o autor da violência, mas também os variados cordéis que conduziram àquela ação, pois estes, muitas vezes, se encontram em diversas mãos.

A chamada violência aberta assusta, choca, chegando em geral a provocar reação. E a outra forma de violência que perpassa o cotidiano da escola, aquela violência dissimulada, camuflada, denominada violência simbólica? Quem percebe? Quem estranha? Quem denuncia?


É necessário pensar sobre possíveis práticas pedagógicas que possam contribuir para a construção de uma pedagogia anti-violência: a pedagogia do sonho, a pedagogia do afeto, a pedagogia do encontro...


Heloísa Helena de C. Costa



Volta a: A violência não é um problema só nosso



P I L A R
Home Page