(Texto: Xavier. Desenhos: Adriano)
Braskuka e Braskukete estão no supermercado. Dão uma olhada numa prateleira de detergente em pó para lavar roupa. O detergente está em promoção.
"VIAGEM À ILHA DE TAKO-TAKO
Braskuka pega na mão uma caixa de sabão em pó.... Braskukete: Compra. Sinto que vamos ganhar. Está escrito no meu horóscopo. Hoje é o meu dia de sorte. Braskuka: Nunca entendi como funciona este tal de horóscopo. Somos do mesmo signo e no meu jornal estava escrito de tomar cuidado porque era meu dia de azar. É tudo mentira. De qualquer forma vou experimentar esse produto. É o mais barato. Braskukete: Estou sentindo que vamos ganhar. Já pensou? Uma viagem na ilha de Tako-Tako... Estou emocionada. Sinto que ganhamos. Braskuka: Deixa eu ler... Que sorte! Você ganhou! Braskukete: Eu sabia. Vou arrumar as malas. É uma chance única. Dá para convidar outras quatro pessoas. A viagem é para seis...
E aí vão os nossos amigos à ilha de Tako-Tako. |
Todos os anos, milhares de pessoas no mundo inteiro perdem a vida ou ficam mutiladas por causa das minas explosivas. É o precó que os pobres pagam para garantir o lucro dos países que enriquecem com o comércio das armas.
Quantas minas estão enterradas nos vários países?
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmam que há cem milhões de minas enterradas em todo o mundo. São 62 os países mais "minados", entre eles o Camboja (6 milhões de minas), o Afeganistão (de 9 a 10 milhões), Angola (9 milhões), Moçambique (de 1 a 2 milhões), Iraque (de 5 a 10 milhões) e Bósnia-Croácia (2 milhões).
Elas atingem mais soldados ou civis?
A cada hora, em algum lugar do mundo, há alguém colocando o pé em cima desses objetos mortíferos. A cada mês, 450 pessoas ficam gravemente feridas e 800 morrem por causa dessas armas destruidoras. As principais vítimas são as mulheres e as crianças. As minas não distinguem entre o pé de uma criança e a esteira de um tanque. Para elas, o passo batido de um soldado e o andar sutil de uma mulher que volta da roça são a mesma coisa. Elas não conhecem os tratados de paz. Ficam escondidas por muito tempo e, depois de anos do fim do conflito, podem mutilar e matar os filhos e os netos daqueles que as colocaram.
Quais são seus efeitos?
Segundo algumas estatísticas, para cada homem, mulher ou criança que sobrevivem à explosão de uma mina, há um homem, mulher e criança que morrem. Mas a vida daqueles que sobrevivem muda para sempre. Eles entram no mundo dos mutilados ou dos cegos, obrigados a viver o resto da vida na pobreza e na solidão. Sem braços ou pernas, as vítimas perdem tudo, até a vontade de viver.
Mas por que não as tiram de lá, depois da guerra?
Retirar as minas é arriscado e caro. Mil dólares para cada mina (e algumas delas, como a VS MK2 usada em Angola, custam só 9 dólares!). Para cada mina retirada morre um técnico e dois ficam feridos. A retirada tem sido lenta. No atual ritmo seriam necessários 4.300 anos para limpar 20% do território do Afeganistão. Em Moçambique, de sete a dez anos e 40 milhões de dólares. A coisa mais vergonhosa é que na lista das empresas mais interessadas no trabalho de retirada das minas, figuram as produtoras das mesmas. Ganham produzindo e vendendo minas e ainda querem ganhar retirando-as.
Não dá para esperar mais. É preciso proibir imediatamente a produção e venda dessas sementes de morte, desses brinquedos assassinos!
Já se passaram três anos desde o início da guerra civil na ex-Iugoslávia. Contam-se aos milhares as pessoas que perderam a vida nesse conflito absurdo. Entre elas, centenas de crianças ceifadas por pessoas que decidiram obedecer à lógica cega do ódio. Apesar de toda essa violência, não faltam histórias de amor. O protagonista de uma delas é Sead, um garoto que ficou cego para salvar seus colegas feridos por uma granada.
Sead podia ter fugido, mas ficou para dar força aos seus colegas. Ele perdeu a vista para salvar a vida dos outros. O seu gesto é uma lição para todos nós. Enquanto os adultos se matam em uma guerra absurda, um garoto ensina que só a lógica do amor pode salvar o mundo.
Havia dias que Srebrenica era alvo de bombardeios. Soldados de exércitos inimigos se enfrentavam na tentativa de conquistar a cidade. Era o mês de abril. A primavera já chegara, mas não dava para sentir o perfume das flores. O cheiro da pólvora tomava conta do ar que se tornara irrespirável...
Aquele dia amanheceu tranqüilo. Não se ouviam disparos. Nas ruas havia um tímido movimento. As pessoas aproveitavam a trégua para enterrar os mortos, visitar parentes e para comprar o pouco que era possível encontrar. Parecia o dia ideal para dar dois chutes na bola. Sead Bekric não resistiu à tentação. Chamou os colegas e foi direto para o campo atrás de seu prédio.
Poucos segundos para formar dois times, dois chutes na bola para esquentar os músculos, bola no centro... Começava o jogo. A bola estava murcha, mas ninguém se dava conta. Todo o mundo tinha vontade de chutá-la com força para descarregar a raiva reprimida nos dias de bombardeio. O jogo não durou muito. Uma granada, lançada pelas tropas que assediavam a cidade, caiu no campo, no meio da garotada.
Sead ficou livre do perigo por milagre. Estava somente tonto pela força da explosão. Levantou-se com dificuldade. Olhou ao redor de si e viu seus colegas numa poça de sangue. Durante alguns instantes ficou paralisado, mas logo começou a socorrê-los um a um, antes da chegada do resgate. Pagou caro a sua generosidade. Os estilhaços de uma segunda granada atingiram seu rosto. Sead ficou cego.
O heróico gesto do garoto de Srebrenica não passou despercebido. Um reporter fotografou seu rosto e mandou a foto a uma agência internacional... Junto com a mãe e um irmãozinho, Sead foi internado no Jules Stein Eye Institute, uma clínica especializada em problemas que atingem a vista.
Não sabemos se os médicos conseguiram devolver-lhe a visão. Quem conhece a história de Sead espera que o milagre tenha acontecido. Ele merece, depois daquilo que fez para salvar a vida de seus colegas.
Lelo: Oi, Leão! Que bom encontrar você... Ando tão sozinho! Você quer ser meu amigo?
Leão: Ora, essa! Tenha dó, Lelo! Você é muito lento e não pode correr comigo... Além disso, o que os outros animais iriam dizer ao ver o Rei da Floresta acompanhado de um elefante... Eu sou um experto caçador... E você? O máximo que pode fazer é caçar um ratinho...
Pobre Lelo, quanta tristeza! Ele só queria ter um amigo de verdade...
Assim começa a história de Lelo que vai floresta adentro à procura de um amigo.
Ninguém queria ser seu amigo até que encontra uma formiguinha pedindo socorro...
(Adaptação: Tânia. Desenhos: Eton)
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