MUTIRÃO PELA VIDA:
NOVO JEITO DE LER A BÍBLIA
EVANGELHO: BOA NOTÍCIA PARA OS POBRES
O mês da Bíblia está ai. Muitas comunidades estão seguindo o Evangelho de Marcos. Queremos oferecer algumas dicas e eixos para ajudar as comunidades a caminhar na estrada de Jesus. Convido você a acompanhar a história de Marcos. O depoimento dele nos aproxima do Evangelho, da Boa Notícia que toca o coração e faz marchar e assobiar.
De pia João, de apelido Marcos !
Muitas comunidades querem saber quem sou eu, Marcos, e o que eu fiz. Querem saber meu nome? De pia me chamaram João, mas virei famoso pelo apelido: Marcos. Conheci de perto reuniões e decisões. Na casa de minha mãe se cozinhava muita coisa, muita reza... Como aquela noite em que libertaram Pedro, e a menina, de nome Rode, foi abrir a porta e, de contente, deixou Pedro esperando... Ninguém acreditava que Pedro estivesse por lá (Atos 12,12). Quem sou eu? Nem sei muito bem quem sou eu. Se vocês me deixam, direi que eu sou espelho e janela. Isso é o que eu sou e o que sempre quis ser. Isso é o sentido de tudo o que eu escrevi. Meu objetivo era ser espelho. Simplesmente ser espelho para refletir o rosto de Jesus Cristo, e janela que mostra a grandeza da missão que Ele nos confia até o fim dos tempos.
Andarilho do Evangelho
Essa é minha carteira de identidade. Minha história se mistura com a história de Jesus. Para fazer uma casa tem que misturar areia, brita, cimento, água, tijolo... Assim também para vocês me entenderem, devem misturar a minha vida com o Evangelho de Jesus. Essa pessoa me cativou. Essa causa cativou muitas outras. Cativou minha Mãe... sei lá, tantos homens e mulheres... Um dia, descobri Jesus na comunidade. Vi que Jesus dava sentido a minha vida. Por Ele e pelo Evangelho deixei tudo, como Pedro, João, Madalena, Maria, Tiago e André, Ezequiel Ramin, Oscar Romero, Martin L. King, Padre Josimo, Margarida Alves... Tornei-me seguidor de Jesus, andarilho do Evangelho. Tornei-me missionário, peregrino como Jesus. Ai fui com Lucas e Paulo. Com Maria, minha mãe, aprendi muita coisa. Lá era a casa da Palavra e da Comunidade, a Casa do Evangelho. Lá eu ouvi, conheci o Evangelho, lá conheci a causa de Jesus e "fiquei seduzido". Sentia uma música no meu peito: "Me chamaste para caminhar na vida contigo! Decidi para sempre seguir-te e não voltar atrás!" Essa música entrou no meu coração e jamais saiu: mesmo que às vezes, eu não fui até o fim. Cansei. Renunciei uma vez a trabalhar na missão. Fraquejei, parei. Refleti, porém, e voltei sobre os meus passos. Retomei o rumo, a garra e a coragem.
Contador de Histórias
Decidi continuar contando histórias, como os outros missionários e missionárias que iam evangelizando: narrando a História de Jesus pelo mundo afora! Contamos essa história para crianças e idosos. Ficavam com os olhos fixos na gente. Pediam para contar de novo e ninguém cansava de ouvir falar do Amigo que mudou nossa vida. Pediam até para nós deixar um cartão. Queriam conservar aquelas histórias de vida. Não queriam esquecer o Evangelho, aquela Boa Noticia do Reino. Escrevam, por favor! E começamos a escrever. Todo mundo foi deixando pequenos cartões com algumas palavras de Jesus ou histórias fáceis de lembrar e contar. Até que um dia...
Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus
Um dia, sonhei em escrever um livro sobre aquela Boa Notícia de Jesus que as comunidades viviam e testemunhavam. - Que título dar ao livro? - O título não me veio logo na cabeça. Pensei e matutei. Por fim chegou: "Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus". Eu queria era refletir a Boa Notícia de Jesus, Ungido de Deus, Filho de Deus! Esse ia ser o título da obra. Era como o resumo de tudo o que queria transmitir. Foi uma alegria tão grande partilhar com as comunidades a experiência libertadora de Jesus que eu até me esqueci de assinar! De fato, o Evangelho não é meu! É das comunidades! O pessoal gostou tanto do jeito como contei a história que, depois, deram também o título de "Evangelho" a outros livros parecidos e que hoje conhecemos como "Evangelhos".
Falar no nome de Jesus e do Evangelho não cansava. Era uma fonte de alegria lembrar o que as comunidades já sabiam e tentavam viver. Por isso não era difícil escrever, mandar uma cartilha para as comunidades. As comunidades já sabiam muitas coisas. Já tinham recebido instruções para o Batismo, se reuniam nas casas, partilhavam o pão e a palavra, o serviço e a perseguição. Lá tinha também grupos de jovens engajados, casais missionários que nem Priscila e Áquila, aquele casal de missionários que deu uma lição ao eloqüente Apolo (At 18,24-26).
E hoje, é uma alegria ver que há animadores, missionários e missionárias, que vivem e proclamam com tanta coragem o Evangelho de Jesus que visitam cada semana as famílias, lutam pela justiça e pela vida. É uma alegria ver comunidades lendo o Evangelho que escrevi, e que ajudam os jovens e as crianças a reconhecer Jesus como Amigo, Messias, Filho Amado de Deus!
Tente você também: criança, jovem, animador, comunidade. Leia e refaça essa experiência de vida que tantas comunidades já experimentaram. Leia um minuto, todo dia, o Evangelho de Marcos. Leia pessoalmente e em comunidade, e seus pés vão caminhar ligeiros nas pegadas de Jesus. Justino Martínez Pérez
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