Oi, amigos!

BRINCADEIRAS
DE MAU GOSTO


Algumas semanas atrás, eu e dois jovens negros estávamos voltando para casa de carro, quando fomos abordados por policiais que, com armas nas mãos, nos mandaram encostar, descer do carro e ficar de cara na parede. Fomos revistados, humilhados e maltratados. Eram três horas da tarde e estávamos numa avenida muito movimentada. Não sabíamos onde esconder a cara, de tanta vergonha.


Pedi a palavra para me identificar, mas me mandaram calar a boca. Ficamos de cara na parede por quinze minutos. Depois, ao descobrirem que eu era padre e que não existia nenhum problema, nos liberaram. Um dos policiais, devolvendo-me os documentos, me disse: "Padre, paramos o carro por causa dos dois 'neguinhos'. Pensávamos que eram ladrões".


Fiquei horrorizado. Na cabeça do policial não havia dúvidas: negro é sinônimo de bandido. Revoltante! Mas isso não acontece só na polícia. Há racismo no mundo do trabalho, na escola, às vezes até‚ nas igrejas. Mas o pior de todos é o racismo da rua, do dia-a-dia. Falas, anedotas, piadinhas de mau gosto revelam que no Brasil existe um leve sentimento de racismo, não só contra os negros, mas também contra os nordestinos, os judeus, os portugueses, os indígenas...


O cantor Tiririca, que teve sua música "Veja os cabelos dela" censurada sob acusação de racismo, é um exemplo dessas palhaçadas. "É só uma brincadeira", justificou-se o cantor. Mas é aí que se esconde o engano. Respeito é bom, até em brincadeira. Há maneiras de se divertir sem humilhar os outros, sobretudo quem, por ter cor diferente ou por fazer parte de uma minoria, já vira objeto de discriminação e de desprezo.


Que tal tentar uma lavagem de linguagem? Vamos tirar da boca todas aquelas palavras e expressões que desrespeitam os outros. A luta contra o racismo começa por aí.


Viva Zumbi!

Xavier



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