Júbilo
do Jubileu


De repente, tudo pelo Jubileu. O ano 2000 do nascimento de Jesus se aproxima, e bem que merece ser festejado. Muito júbilo, portanto! Muita alegria!

O que muita gente às vezes esquece é que o Jubileu de verdade, em sua origem bíblica, tem mais a ver com compromisso de mudança social do que com festa e alegria, simplesmente.

Ou, se quisermos, tem tudo a ver com festa e alegria: fraternidade, terra repartida, libertação dos escravos, justiça social...

É esse espírito que move a Igreja católica no Brasil em mais essa Campanha da Fraternidade: júbilo, só com a garantia de educação para todos, escola, oportunidades, cidadania, dignidade.

O ritmo da Campanha não é o do carnaval. É, sim, o do convite quaresmal a participar do grande mutirão da vida e da esperança. É o do convite à ação.

O mesmo espírito acompanha o documento jubilar da Pontifícia Comissão Justiça e Paz, do Vaticano, sobre a reforma agrária. A Igreja lembra que concentração de terra não é apenas questão de injustiça social. É também sinal de atraso, de ignorância social e política.

São dois exemplos, apenas – o da educação e o da reforma agrária –, que mostram um rumo possível para quem não deseja curtir apenas o oba-oba de final de milênio.

Revista missionária que tem o maior prazer de mexer com águas paradas, SEM FRONTEIRAS embarca nessa proposta de Jubileu-ação-compromisso.

O outro Jubileu, o dos festeiros e festivais, pode até ser que acabe chamando muito mais a atenção, com o brilho dos seus holofotes e a grandeza dos seus espetáculos pirotécnicos. Não será esse, porém, o Jubileu do júbilo verdadeiro.

Passada a euforia, será possível fazer as contas, para ver o que a sociedade brasileira e o mundo ganharam de verdade com a passagem do milênio.

Ainda é tempo de engrossar as fileiras da Vida e da Esperança, como propõe o lema da Campanha da Fraternidade.

Ainda é tempo de fazer do ano 2000, e de todos os anos, uma oportunidade única de avançar alguns passos nos rumos que Deus aponta e sonha para o mundo. Não esse mundo aí, o dos neoliberais. O mundo outro, da solidariedade.

Sonho impossível? Depende. De que valeria ter Quaresma, se depois não viesse a Ressurreição?

Eis aí a esperança cristã.

Eis aí o compromisso.


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