Junho, na tradição religiosa e popular, é mês de muita festa. Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo circulam à vontade no meio do povo, com muita reza, fogueira, quadrilha e coisa e tal.

Entre um salário de causar vergonha e outro, um desemprego e outro, uma doença, uma mágoa, um desaforo - coisa ruim nunca falta na vida de pobre -, não importa o mês ou o ano, o povo faz festa e se alegra.

Festa não é só para fugir, espantar amarguras. É também sacramento: sinal visível de uma graça, um dom, um sonho que os olhos não vêem, mas que o coração e a vida sentem.

Festa é sacramento da utopia de um mundo novo, diferente, cheio de sonho, graça e alegria... para todos. Jesus que o diga! Os evangelhos estão cheios de festa.

Em A vida vale uma festa, matéria de capa desta edição, a festa de casamento numa comunidade negra da Paraíba, com o olhar atento e carinhoso do missionário sobre a vida e o povo do lugar: "Um dia de festa amansa muita mágoa e motiva esse povo no continuar de sua vida".

O leitor comprometido com a fé e a utopia cristãs vai descobrir o sonho da festa também nas matérias seguintes, mesmo onde os temas são outros e onde o sofrimento de tanta gente aparece à luz do dia.

Em Igreja latifundiária?, o sonho de uma Igreja livre, que cobra e exige o que ela mesma está disposta a fazer. Em Vidas de muitos adeus, sobre a Semana dos Migrantes, o sonho de um Brasil menos ruim e injusto para com uma multidão imensa dos seus filhos.

A denúncia se faz anúncio em Intervenção romana - sobre o fechamento de dois centros mexicanos de teologia -, De volta à cozinha? - que fala do movimento de mulheres na Nicarágua - e também Não só de coca, sobre um projeto alternativo para os pequenos e esquecidos agricultores colombianos que produzem folha de coca para sobreviver.

A Guerra sem ibope no pequeno território africano de Cabinda - anexado por Angola - mostra um povo que vive a desgraça de possuir muito petróleo, porque petróleo mexe com grandes interesses capitalistas, dá rios de dinheiro.

Nos Estados Unidos, os indígenas estão Cobrando respeito e propondo uma Igreja e uma sociedade que saibam conviver com o pluralismo e a diferença.

Na reportagem intitulada Filme de terror, SEM FRONTEIRAS leva novamente o leitor ao pequeno Timor Leste, esse Davi que não se acovarda diante da arrogância e da força do invasor indonésio .

É o que a revista tem a oferecer aos seus leitores neste mês de junho, com carinho e reverência. Vale repetir: é muito bom sonhar coisas boas! Melhor ainda: juntar idéias, corações e braços para fazer a grande festa acontecer!


  • Outras matérias:


  • Ano 1997

  • Ano 1996